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OMS se reúne para discutir epidemia de ebola

A Organização Mundial da Saúde discute com especialistas em ética médica o uso de tratamentos experimentais contra o ebola


	Luvas e botas usadas por médicos secam ao sol, em centro para vítimas do ebola
 (AFP)

Luvas e botas usadas por médicos secam ao sol, em centro para vítimas do ebola (AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 14h41.

Monróvia - A Organização Mundial da Saúde (OMS) discutia nesta segunda-feira com especialistas em ética médica a eventual utilização de tratamentos experimentais contra o vírus ebola.

Na Libéria, o governo colocou uma terceira província em quarentena.

Este país do oeste africano já havia restringido a entrada e saída de pessoas das províncias de Bomi e Grand Cape Mount (oeste) em virtude do estado de emergência declarado em 6 de agosto por 90 dias para deter a progressão desta epidemia sem precedentes.

A presidente Ellen Johnson Sirleaf estabeleceu quarentena na província de Lofa (norte), nesta segunda-feira, para "proteger as pessoas ainda não afetadas".

O Exército foi responsabilizado pelo controle do acesso e foram adotadas medidas para o abastecimento das áreas isoladas, indicou.

A região de Lofa faz fronteira com Guiné e Serra Leoa, dois países atingidos pela atual epidemia que também afeta a Nigéria desde julho.

Também nesta segunda, foi anunciada a morte de um terceiro membro do hospital católico da capital Monróvia.

"A ordem hospitalar de São João de Deus anuncia a triste notícia da morte do irmão George Combey na noite passada" por complicações relacionadas ao ebola, declarou a ordem.

Até a semana passada, esta febre hemorrágica altamente contagiosa havia matado 961 pessoas de 1.779 casos confirmados, prováveis ​​ou suspeitos - principalmente nos três primeiros países -, de acordo com o último relatório divulgado em 8 de agosto pela OMS. A taxa de mortalidade é de 54%.

Além da Libéria, Serra Leoa e Nigéria também declararam estado de emergência, enquanto Guiné anunciou "medidas rigorosas para controlar o movimento nas fronteiras".

Como medida de precaução, a Costa do Marfim, onde não foram reportados casos, suspendeu voos para os países afetados, dos quais dois são seus vizinhos, Libéria e Guiné.

Até nova ordem, a companhia aérea nacional não vai operar nas áreas epidêmicas. Além disso, passa a ser proibido o transporte de passageiros dessas regiões para a capital marfinense Abidjan.

Segundo o governo da Costa do Marfim, quase cem imigrantes ilegais liberianos tentaram entrar no país nos últimos dias.

A Costa do Marfim tem ido muito além das recomendações da OMS, que declarou na semana passada "emergência sanitária mundial" sobre o ebola, mas recusou-se a desaconselhar viagens para os países afetados pelo vírus.

A organização internacional se limitou a recomendar o reforço do controle nas fronteiras.

O Kuwait, rico país petrolífero do Golfo, anunciou a doação de 5 milhões de dólares à OMS para ajudar no combate à doença.

Em um comunicado, o conselho de ministros indicou que esta contribuição foi decidida pelo emir, xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah.

"Pânico geral"

Nos últimos dias, pacientes apresentando sintomas iguais aos do ebola - febre alta, fraqueza, dor de cabeça, vômitos, diarreia ou sangramentos - foram colocados em quarentena em alguns países da África, Europa e Ásia, mas os resultados dos testes afastaram a presença do vírus.

Em Benin, vizinha da Nigéria, testes em dois pacientes com suspeita de terem contraído o vírus deram negativo. Amostras colhidas de um alemão, mantido em isolamento em Ruanda, estão sendo analisadas.

No Togo, onde não foram reportados casos, as autoridades anunciaram reforços em seu esquema de controle da doença, mas em Lomé, a capital, muitos disseram estar preocupados, apesar dos anúncios oficiais.

"É o pânico geral. Todo mundo está com medo", declarou à AFP o estudante Paul Magnissou.

Uma reunião por teleconferência está sendo realizada nesta segunda entre especialistas e a OMS, particularmente sobre questões de ética médica, para definir uma posição diante dos apelos urgentes para utilizar medicamentos ainda não autorizados para tentar salvar os doentes.

Após o tratamento de resultados positivos de dois americanos e um espanhol - todos contaminados na Libéria e transferidos para seus países - com o uso de um desses medicamentos desenvolvido pela empresa americana Mapp Pharmaceuticals, aumentaram os apelos por seu uso, mesmo que nunca tenha sido previamente testado em seres humanos e, portanto, não seja aprovado por qualquer autoridade de saúde.

"É ético usar medicamentos não aprovados - e se isso acontecer - quais critérios devem ser utilizados, em que condições devemos administrar este tratamento e quem deve ser tratado?", são algumas das perguntas apresentadas nesta reunião, segundo Marie-Paule Kieny, assistente do diretor-geral da OMS.

Ela ressalta que este medicamento está disponível apenas em pequena quantidade, e também levanta a questão sobre um eventual uso preventivo nos trabalhadores da área da saúde.

O encontro desta segunda-feira deve ser seguido por uma reunião mais ampla na qual serão examinados os diferentes possíveis tratamentos que estão sendo estudados e os meios de acelerar o seu desenvolvimento, de acordo com Kieny.

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