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OMC diz que Brexit e Trump simbolizam rejeição ao establishment

Questionado sobre se o Brexit ou Trump eram uma ameaça à OMC, o diretor-geral afirmou que ambos os eventos têm em comum uma desconfiança da globalização

Roberto Azevedo, presidente da OMC (Getty Images)

Roberto Azevedo, presidente da OMC (Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de março de 2017 às 17h12.

São Paulo -- O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, disse em entrevista ao jornal suíço Le Temps que vê como formas de rejeição ao "establishment" a decisão pela saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, e a eleição do norte-americano Donald Trump à presidência.

Questionado sobre se o Brexit ou Trump eram uma ameaça à OMC, o diretor-geral afirmou que ambos os eventos têm em comum uma desconfiança da globalização, mas considerou mais delicado o momento atual dos Estados Unidos.

"O Brexit responde a um desejo de soberania e independência, nomeadamente contra a imigração percebida como prejudicial", declarou na entrevista ao Le Temps. Ele ponderou que, diferentemente dos Estados Unidos, no Reino Unido não existe o desejo de limitar importações.

Azevêdo afirmou que está disposto a discutir com representantes dos Estados Unidos na OMC e considerou que "qualquer programa de crescimento e industrialização deve ter um componente comercial".

O diretor-geral da OMC evitou comentar diretamente, porém, algumas medidas defendidas por Trump, como a imposição nos Estados Unidos de um imposto sobre bens importados. Azevêdo considerou que não poderia se basear em intenções do presidente norte-americano: "a imaginação não é meu forte".

O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo foi reconduzido ao posto de diretor-geral da OMC, um organismo composto por 164 países que trata das regras do comércio exterior. Ele era candidato único. À frente da OMC, Azevêdo conseguiu fechar o único acordo multilateral negociado no âmbito do organismo desde sua criação, em 1995. O Acordo de Facilitação do Comércio (AFC) remove barreiras burocráticas ao comércio, com um potencial de aumento no comércio exterior de US$ 1 trilhão.

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