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OMC adverte que Europa pode frear crescimento do comércio

OMC aponta uma desaceleração do ritmo de exportações e importações, por causa principalmente da incerteza na zona do euro

"A queda da demanda na Europa tem um impacto nos países em desenvolvimento, incluindo a China", manifestou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy (Daniel Roland/AFP)

"A queda da demanda na Europa tem um impacto nos países em desenvolvimento, incluindo a China", manifestou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2012 às 11h08.

Genebra - A recessão que espreita a economia da União Europeia (UE) freará este ano o crescimento do comércio mundial de mercadorias e serviços, que se situará em uma taxa de expansão de 3,7%, e comprometerá as perspectivas para 2013, segundo advertiu nesta quinta-feira a Organização Mundial do Comércio (OMC).

A OMC apresentou em Genebra seu relatório sobre "Comércio Mundial em 2011 e perspectivas para 2012", que aponta uma marcada desaceleração do ritmo de exportações e importações - que cresceram a uma taxa de 5% em 2010 -, por causa principalmente da incerteza na zona do euro, que representa em torno de 40% do total das trocas comerciais mundiais.

"A queda da demanda na Europa tem um impacto nos países em desenvolvimento, incluindo a China", manifestou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, na apresentação do relatório, que destaca que são as economias emergentes as que mais influenciam o comércio mundial.

A crise de dívida soberana, as taxas negativas de crescimento do Produto Interno Bruto e o alto nível de desemprego na União Europeia representam incertezas e riscos sobre o comércio e apenas serão compensados por uma eventual recuperação sólida da economia dos Estados Unidos, na opinião de Lamy.

O diretor da OMC disse que as economias da UE e dos EUA "parecem divergir" e considerou que o desenvolvimento futuro dependerá do que tenha mais peso: os dados de produção e de emprego em Washington ou "os resultados decepcionantes" em Bruxelas.

"O que influencia mais na demanda marcará o desenvolvimento de 2012", expôs Lamy, afirmando que a Alemanha é a exceção ao enfraquecimento da economia europeia, principalmente porque sua força não está apenas no mercado interno europeu, mas no mercado internacional.

A constante nos últimos meses, disse o principal responsável da OMC, é que "as economias em desenvolvimento avancem a um ritmo mais rápido que as economias desenvolvidas", especialmente a América Latina e o Oriente Médio, que em 2011 aumentaram suas exportações de mercadorias em torno de 35%.

As economias destes países se viram afetadas por eventos pontuais, como revoltas políticas e desastres naturais, mas "em condições normais estes países deveriam voltar aos níveis normais de crescimento comercial", manifestou Lamy.

 

O relatório da OMC prevê para as economias desenvolvidas um crescimento de 2% para as exportações e 1,9% para as importações, e para os países emergentes 5,6% e 6,2%, respectivamente.

Para 2013, a OMC prevê um crescimento global do comércio de 5,6%: progresso das exportações em 4,1% nos países ricos e 7,2% nos emergentes; e crescimento das importações em 3,9% nos desenvolvidos e 7,8% nas nações em desenvolvimento.

Estes cálculos foram realizados sobre a base de que em 2012 a produção mundial aumente em 2,1% as taxas de câmbio do mercado, em comparação com os 2,4% do fim de 2011. Novamente, a Europa será chave no cumprimento da previsão.

Se acontecer uma contração econômica mais pronunciada que a prevista, se a crise de dívida soberana na zona do euro contagiar outras regiões do mundo ou se houver um rápido aumento dos preços do petróleo haverá "consequências ainda mais negativas para o comércio mundial", adverte o relatório da OMC.

A "surpresa positiva" de 2011 foi os Estados Unidos, que registrou um aumento das exportações de 7,2%, atrás da China, que registrou uma progressão de 9,3%, mas ficou muito longe do extraordinário crescimento de 28,4% em 2010.

Uma situação que a OMC explica pelo efeito rebote do desastroso ano de 2009 e pelo terremoto e tsunami no Japão, "que perturbaram as cadeias mundiais de provisões, o que gerou prejuízo nas exportações de países em desenvolvimento como a China".

Sobre as perspectivas para a América Latina e a influência das políticas protecionistas adotadas nos últimos meses por países como a Argentina e o Brasil, Lamy considerou que seu efeito é menor.

O diretor-geral lembrou que 80% do impacto no comércio internacional tem a ver com o crescimento das economias e que desde o início da crise em 2008 apenas 1% esteve relacionado com as políticas restritivas ao comércio.

O relatório também faz referência às consequências que a "primavera árabe" teve nas exportações africanas, que foram reduzidas consideravelmente até 8% em 2011.

Outra nota positiva foi que em 2011 o valor em dólares do comércio mundial de mercadorias aumentou em 19% até alcançar os US$ 18,2 trilhões, e superou assim o nível máximo de US$ 16,1 trilhões alcançado em 2008.

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