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Oficial da reserva alemão é julgado por supostamente espionar para a Rússia

Espionagem ocorreu entre 2014 e 2020

exército alemão (Getty Images/Reprodução)

exército alemão (Getty Images/Reprodução)

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AFP

Publicado em 11 de agosto de 2022 às 13h37.

Última atualização em 11 de agosto de 2022 às 14h03.

Um oficial da reserva do Exército alemão comparece a partir desta quinta-feira, 11, a um tribunal em Düsseldorf por acusações de espionagem entre 2014 e 2020 em benefício da Rússia. 

O Ministério Público Federal, responsável pelos casos de terrorismo e espionagem, suspeita que ele forneceu aos serviços de inteligência russos informações sobre os reservistas das Forças Armadas alemãs e sobre as consequências das sanções econômicas impostas a Moscou a partir de 2014.

Também teria fornecido dados sobre as obras do polêmico gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha, suspenso após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro, segundo a mesma fonte.

Na abertura da audiência desta quinta-feira, o réu, de 65 anos, disse que vai se manifestar na próxima audiência, marcada para 1° de setembro, segundo uma porta-voz do Judiciário.

Em caso de condenação pelo Supremo Tribunal Regional de Düsseldorf, o reservista, que teria agido por simpatia pela Rússia sem ser pago, pode ser condenado a vários anos de prisão.

A sentença deve ser anunciada até o mês de dezembro.

A revista Der Spiegel afirma que o suspeito, apresentado como Ralph G., estava em contato com dois colaboradores do serviço de inteligência militar russo GRU credenciados como adidos militares na Alemanha.

O réu, segundo o semanário alemão, reconheceu os fatos, mas assegurou que desconhecia que seus contatos trabalhavam para a inteligência russa.

Ralph G. era um oficial da reserva na Bundeswehr e "liderava um comando de bairro como vice-chefe", segundo a acusação.

Documentos

Sua atividade profissional civil, que não foi especificada até agora, também lhe facilitou a participação em "vários comitês da economia alemã".

Estas duas atividades permitiram-lhe, entre 2014 e março de 2020, transmitir "em muitas ocasiões documentos e informações provenientes em parte de fontes públicas e também de fontes não públicas".

Além de informações sobre as sanções, sobre o Nord Stream 2 ou sobre o Exército alemão, o suspeito forneceu à Rússia "dados pessoais de oficiais militares de alto escalão da Bundeswehr e de gerentes econômicos", disse o MPF.

De acordo com a Der Spiegel, o oficial da reserva também entregou trechos de um rascunho do livro branco do governo alemão sobre as relações com a Rússia após a anexação da Crimeia em 2014.

Encontros pessoais

A comunicação com os russos aconteceu pessoalmente, por telefone e e-mail, bem como por mensagens no WhatsApp, informou a Der Spiegel.

Ele teria sido recompensado com "convites para eventos organizados pelos serviços do governo russo".

Esse processo ocorre em um contexto de tensões exacerbadas entre a Rússia e os países ocidentais devido à invasão da Ucrânia.

Vários casos de suposta espionagem envenenaram as relações entre a Rússia e a Alemanha nos últimos anos.

No final de outubro, a Justiça alemã condenou um ex-funcionário de uma empresa de segurança informática a dois anos de prisão por ter entregue dados da Câmara dos Deputados alemã à Rússia.

Em abril, condenou um cientista russo a um ano de prisão por ter espionado o programa espacial europeu Ariane.

A Rússia é acusada de hackear em grande escala em 2015 os computadores do Bundestag e os serviços da Chancelaria no tempo de Angela Merkel, bem como a Otan e o canal de televisão francófono TV5 Monde.

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