Mundo

Ofensiva turca contra curdos deixa 14 mortos na Síria, e EUA se retira

Apoiados pelo Ocidente, especialmente pelos EUA, os curdos foram a ponta de lança contra o grupo jihadista Estado Islâmico, derrotado em março

Soldados e blindados turcos na fronteira com a Síria: ofensiva ordenada pelo presidente Erdogan (Murad Sezer/Reuters)

Soldados e blindados turcos na fronteira com a Síria: ofensiva ordenada pelo presidente Erdogan (Murad Sezer/Reuters)

A

AFP

Publicado em 13 de outubro de 2019 às 10h33.

Última atualização em 13 de outubro de 2019 às 10h33.

Pelo menos 14 civis foram mortos neste domingo por bombardeios ou disparos de artilharia no norte da Síria.

Entre as vítimas, cinco pessoas que estavam dirigindo por uma estrada perto de Ain Issa, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Os combates continuam entre as forças militares curdas e turcas e seus aliados sírios, que estão tentando conquistar setores fronteiriços, ainda segundo a ONG.

Desde o início da ofensiva na quarta-feira contra a milícia síria curda, mais de 130.000 pessoas foram deslocadas pelo conflito, segundo a ONU, que alertou neste domingo sobre uma grave crise humanitária na área, com a possível fuga de até 400.000 pessoas.

A Turquia, liderada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan e que faz fronteira com a Síria, quer expulsar a milícia curda-síria das Unidades de Proteção Popular (YPG) dos setores de fronteira. A Turquia tenta estabelecer uma "zona de segurança" de 32 km de distância para separar sua fronteira das regiões curdas.

Os curdos, que na verdade têm uma região semiautônoma no norte da Síria, onde administram várias prisões jihadistas e campos de refugiados, alertaram neste domingo que parentes de membros do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) fugiram de um campo de deslocados.

Por outro lado, segundo o OSDH, perto de Tal Abyad, "violentos combates" acontecem na cidade de Suluk, onde as forças turcas e seus aliados rebeldes sírios conquistaram vários setores.

Os arredores também foram bombardeados por aviões turcos.

Em outra frente, em Ras al Ain, as forças curdas fizeram recuar os militares turcos, segundo o OSDH.

Durante a noite de sábado a domingo, 17 combatentes foram mortos em Ras Al Ain, assim como quatro combatentes das Forças Democráticas da Síria (SDS, milícia árabe-curda), segundo a mesma fonte. O balanço mais recente dessa ONG fala de 85 combatentes curdos e 38 civis mortos, desde quarta-feira.

No sábado, Ancara anunciou que havia conquistado Ras al Ain, mas o SDS e o OSDH o negaram isso.

Apoiados pelo Ocidente, especialmente pelos Estados Unidos, as SDS foram a ponta de lança contra o grupo jihadista Estado Islâmico, derrotado em março, quando perdeu seu último reduto na Síria. A operação turca contra os sírios curdos recebeu críticas maciças nos países ocidentais e gerou inúmeras manifestações no sábado.

Saída dos EUA

A tendência é que os curdos fiquem mesmo sozinhos na luta contra a ofensiva turca. O Secretário da Defesa dos Estados Unidos Mark Esper disse neste domingo 13 que o presidente americano Donald Trump ordenou que as tropas do país deixem a região norte da Síria. À CBS, Esper afirmou que o conflito entre as forças da Turquia e os curdos da Síria, aliados dos EUA, se tornou "insustentável" para os militares americanos.

Segundo Esper, os militares devem se deslocar para a região sul da Síria, mas não vão deixar completamente o país. O número exato de soldados que devem abandonar o norte não foi divulgado, mas deve representar a maior parte das mil tropas americanas na região.

O secretário disse ainda que os Estados Unidos acreditam que os curdos estão prestes a "fazer um acordo" com o exército sírio e a Rússia para contra-atacar a Turquia e seus aliados sírios.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpGuerra na SíriaTayyip ErdoganTurquia

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'