Nicolás Maduro foi reeleito na Venezuela com 6 milhões de votos (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
AFP
Publicado em 5 de junho de 2018 às 12h23.
A assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), o principal fórum político do continente, votará nesta terça-feira (5) uma resolução impulsionada pelos Estados Unidos que busca restaurar a democracia em Venezuela, e que eventualmente poderia suspender essa nação organismo.
O plenário deve considerar uma iniciativa promovida por Washington, e apresentada por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, México e Peru, que declara ilegítima a reeleição de Nicolás Maduro, e pede a aplicação dos mecanismos da Carta Democrática Interamericana por "alteração da ordem constitucional", um processo que poderia derivar na suspensão da Venezuela da OEA.
A resolução, que foi criticada por Caracas como um "ato ingerencista" no marco de uma "campanha criminosa" do governo de Donald Trump, precisa do apoio da maioria simples do total de membros da OEA - que oficialmente são 35. Apenas 34 estão ativos, porém, porque Cuba não participa.
Segundo fontes diplomáticas, esses 18 votos serão conseguidos.
Ao Grupo de Lima, um bloco crítico de Maduro integrado por outros oito países americanos além dos seis que planejaram o texto, teriam-se unido nações caribenhas, tradicionalmente aliadas da Venezuela por seu petróleo barato.
Os Estados Unidos, que têm chamado "o regime de Maduro" de "ditadura" e que junto ao Grupo de Lima não reconheceram a reeleição do presidente venezuelano no dia 20 de maio, empregaram nas últimas semanas seus esforços diplomáticos com o argumento de que a OEA deve fazer valer os princípios democráticos que disse defender.
"Em nome do presidente Trump, peço à comunidade de nações livres, de todo esse Novo Mundo, que expulsem a ditadura de Maduro da Organização de Estados Americanos. A OEA deve representar a liberdade. E agora é o momento", disse o vice-presidente Mike Pence, durante uma recepção nesta segunda-feira na Casa Branca.
Além da resolução sobre "a situação na Venezuela", a assembleia da OEA pretende votar uma declaração sobre Nicarágua, sacudida por protestos antigovernamentais que desde 18 de abril deixaram mais de uma centena de mortos em meio a uma forte pressão das força públicas e de grupos armados afins.
Na segunda-feira, vários países, entre eles Estados Unidos, Argentina, México, Colômbia e Costa Rica, manifestaram sua preocupação e pediram para deter a violência e os abusos contra manifestantes.
O projeto de declaração "de apoio ao povo da Nicarágua" foi apresentado pelos Estados Unidos e pelo próprio governo nicaraguense.
O texto chama o governo e outros atores sociais a participarem "construtivamente de negociações pacíficas para fortalecer as instituições democráticas e a celebração de eleições livres, justas e oportunas".
A proposta "exige o fim imediato dos atos de violência", mas não condena o governo de Daniel Ortega, que foi denunciado por organizações nacionais e internacionais de graves violações dos direitos humanos.
Esta terça-feira é o último dia da 48ª assembleia ordinária da OEA, o encontro mais importante do organismo, que reúne os chanceleres dos Estados-membros.