Daniel Ortega: protestos contra o presidente e contra sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, começaram há três meses (Oswaldo Rivas/Reuters)
EFE
Publicado em 18 de julho de 2018 às 17h13.
Washington - A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta quarta-feira uma resolução na qual pede ao governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que aceite a proposta feita pela Igreja Católica de antecipar para março de 2019 as eleições marcadas para 2021.
A iniciativa, impulsionada por sete países (Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e Estados Unidos) e respaldada pelo México, "exorta" o Executivo nicaraguense a apoiar "um calendário eleitoral estipulado conjuntamente no contexto do processo de Diálogo Nacional", segundo o texto.
A Conferência Episcopal da Nicarágua, mediadora e testemunha deste diálogo nacional, solicitou no dia 7 de junho a Ortega que antecipasse os pleitos para 31 de março de 2019; mas o presidente rejeitou essa solicitação, por considerar que já haveria "tempo para as eleições como manda a lei".
A resolução foi aprovada com o voto favorável de 21 dos 34 países que são membros ativos da OEA, enquanto três (Nicarágua, Venezuela e São Vicente e Granadinas) votaram contra. Além disso, houve sete abstenções, assim como três ausentes, entre eles a Bolívia.
Eram necessários 18 votos para aprovar a resolução, instrumento que estabelece o critério de legalidade do continente sobre a crise na Nicarágua, que deixou mais de 350 mortos em três meses.
No texto, a OEA reitera sua "enérgica condenação e sua grave preocupação" pelos atos de violência cometidos por policiais e paramilitares na Nicarágua e exige o "desmantelamento dos grupos parapoliciais", que atuam com o consentimento do Executivo, segundo grupos humanitários.
A iniciativa não responsabiliza Ortega pela violência, mas urge ao seu governo que participe "ativamente e de boa fé" no diálogo nacional, mediado pela Igreja Católica.
Na resolução, a OEA também expressou sua rejeição à "fustigação" aos bispos que participam do diálogo, assim como aos "atos de violência" contra escritórios da Caritas que foram incendiadas e contra a Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAM), que se transformou em um centro dos protestos.
As hostilidades aumentaram nos últimos dias com ataques como o da UNAM e o ocorrido contra a cidade de Masaya, o que provocou a condenação dos Estados Unidos e da União Europeia (UE).
Na mesma sessão desta quarta-feira, a OEA rejeitou uma resolução proposta pela Nicarágua que pedia à comunidade internacional respeito à sua "autodeterminação" e culpava "grupos internacionais terroristas" de instigar a violência.
Os protestos contra o presidente Daniel Ortega e contra sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, começaram há três meses contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em um movimento que pede sua renúncia, depois de 11 anos no poder.