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Ocidente tenta manter EUA em tratado que protege mundo de uma guerra

Tratado de Céus Abertos, da qual Estados Unidos, Europa e Rússia fazem parte, permite voos de observação entre os países

Donald Trump: presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quinta-feira sua disposição de retirar seu país desse acordo, acusando Moscou de violá-lo (AFP/AFP)

Donald Trump: presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quinta-feira sua disposição de retirar seu país desse acordo, acusando Moscou de violá-lo (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 22 de maio de 2020 às 17h05.

Última atualização em 22 de maio de 2020 às 17h12.

As potências ocidentais se mobilizaram nesta sexta-feira para tentar salvar o Tratado de Céu Aberto, que permite a verificação dos movimentos militares e medidas de limitação de armas dos países signatários, dos quais os Estados Unidos decidiram se retirar. 

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quinta-feira sua disposição de retirar seu país desse acordo, acusando Moscou de violá-lo.

"A Rússia não respeitou o tratado", disse a um grupo de jornalistas na quinta-feira. "Enquanto eles não respeitarem, vamos nos retirar", acrescentou.

Os embaixadores dos países membros da Otan se reuniram nesta sexta-feira com urgência. Após a reunião, o secretário geral da Aliança, Jens Stoltenberg, defendeu novamente a "manutenção de um sistema internacional eficaz que controla armas, desarmamento e não proliferação".

Ao enfatizar que Moscou impôs restrições de voo, o que contraria o tratado, ele reiterou a vontade da Otan de "dialogar com a Rússia" em busca de "controle de armas, desarmamento e não proliferação, elementos-chave de nossa segurança".

Dez países europeus assinaram uma declaração lamentando o anúncio de Washington, embora afirmem "compartilhar preocupações" sobre a implementação do tratado pela Rússia, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores da França.

A declaração foi assinada por França, Alemanha, Bélgica, Espanha, Holanda, Finlândia, Itália, Luxemburgo, República Tcheca e Suécia.

"O Tratado de Céus Abertos é um elemento crucial na estrutura de criação de confiança criada nas últimas décadas, com o objetivo de aumentar a transparência e a segurança na zona euro-atlântica", insistiram.

No dia anterior, a Alemanha já havia pedido aos Estados Unidos que "reconsiderassem" sua posição.

Entre as violações denunciadas por Washington, um porta-voz do Pentágono indicou que a Rússia proibia aeronaves aliadas de se aproximarem a menos de 500 quilômetros do enclave russo de Kaliningrado, localizado entre a Lituânia e a Polônia, e também que ultrapassassem mais de 10 km na fronteira entre Rússia e Geórgia.

Instado a cumprir o tratado ao pé da letra, esperando que Washington recue, o governo russo denunciou as condições "absolutamente inadmissíveis", embora esteja "disposto a buscar um acordo", segundo o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Riabkov.

O Tratado de Céus Abertos foi criado em 1992 para "promover a confiança e a previsibilidade" nas atividades militares dos países signatários.

Entrou em vigor em 2002, é assinado por 35 países e permite voos de observação conjuntos e desarmados acima dos territórios, além de capturar imagens com a ajuda de sensores de resolução predefinidos. Também permite que todos os Estados solicitem imagens capturadas por voos feitos por outros países

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