O economista chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan: a OCDE revisou para baixo as previsões de crescimento na maioria das grandes economias (Eric Piermont/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2012 às 10h31.
Paris - Os Estados Unidos e a Eurozona devem evitar a austeridade em excesso nos próximos meses para evitar que a economia mundial, em situação frágil, caia em recessão, adverte a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"Após cinco anos de crise, a economia mundial se debilita de novo", constata a OCDE, que tem sede em Paris, no relatório "Perspectivas Econômicas Mundiais".
No informe semestral, a OCDE revisa para baixo as previsões de crescimento na maioria das grandes economias.
A economia dos Estados Unidos continuará crescendo menos que nas previsões anteriores da OCDE, de maio. O PIB americano crescerá este ano 2,2%, 2% em 2013 e 2,8% em 2014.
Mas a situação é particularmente grave na Eurozona, cuja crise continua como a "principal ameaça para a economia mundial". Apesar dos recentes avanços no campo político, o contexto permanece "precário" e "não é difícil imaginar que a situação possa degenerar", o que arrastaria o mundo para a recessão.
A recessão na união monetária será maior do que o esperado em 2012, com um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,4% este ano e de 0,1% em 2013. A recuperação deve acontecer apenas em 2014, quando a previsão é de crescimento de 1,3%.
Segundo o clube dos países ricos, o "fator chave" da perspectiva é uma "queda significativa da confiança", com o fundo de redução dos déficits, a desaceleração nos países emergentes e um desemprego alto, que na zona do euro alcançará a taxa recorde de 12% da população ativa em 2014.
O economista chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan, pede que se evite qualquer "saneamento excessivo das finanças públicas a curto prazo" dos dois lados do Atlântico.
"Se não evitarmos o muro fiscal, um impacto negativo considerável poderia levar os Estados Unidos e a economia mundial à recessão", alerta.
Republicanos e democratas devem alcançar um acordo até o fim do ano para reduzir o déficit a médio prazo, algo que seja "mais comedido" que os cortes e os aumentos de impostos drásticos que, sem uma solução, entrariam automaticamente em vigor em 2013.
Na Eurozona, o ajuste do objetivo orçamentário estrutural "deveria se ater às metas atuais" e os estabilizadores automáticos (como as prestações sociais) deveriam poder "atuar livremente", adverte.
Isto significa que os governos não deveriam adotar novas medidas de austeridade se o crescimento esperado não for alcançado ou no caso de não cumprimento das metas de redução de déficit público.
Segundo a OCDE, "para evitar a perda de credibilidade que afetaria os países que atuam por sua conta, uma política assim deveria ser definida e anunciada de maneira coordenada" a nível europeu. Em outras palavras, a Comissão Europeia deveria flexibilizar os requisitos e informar que não punirá os Estados que não cumprirem os objetivos no próximo ano.
Caso a situação se agrave, os governos deveriam "desacelerar os ajustes fiscais". Estados virtuosos como Alemanha devem adotar "medidas temporárias de reativação".
Mas a Eurozona também deve acelerar a estratégia para sair da crise, em particular com a aplicação de uma verdadeira união bancária. Assim, a OCDE lamenta que a "crise tenha prolongado de maneira excessiva pela demora e insuficiência das intervenções públicas".