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Obama: Trump não poderá mais improvisar como fez na campanha

Obama deu a seu sucessor o benefício da dúvida, ao lembrar que "está no processo de construir uma organização, e é preciso ver como funciona"

Obama: "Não subestimem este cara, porque ele será o 45º presidente (dos EUA)", advertiu Obama (Yuri Gripas/Reuters)

Obama: "Não subestimem este cara, porque ele será o 45º presidente (dos EUA)", advertiu Obama (Yuri Gripas/Reuters)

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EFE

Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 17h15.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acredita que seu sucessor, Donald Trump, não poderá improvisar na Casa Branca como fez durante sua campanha eleitoral, e considera que o processo de transição ao poder conduzido pelo magnata imobiliário foi "atípico" em muitos sentidos.

"Foi atípico, nisso estou de acordo. E suspeito que o presidente eleito estaria de acordo com isso", disse Obama em sua última entrevista televisiva, que será transmitida neste domingo pela emissora "CBS" e da qual foram antecipados alguns trechos nesta sexta-feira.

"É um candidato pouco convencional. Não acredito que tenha havido ninguém que tenha liderado com sucesso uma campanha como a sua na história moderna, ninguém que me ocorra, e, como consequência, não teve o apoio de muitos em seu próprio partido, porque administrou sua campanha de forma bastante improvisada", acrescentou Obama.

Perguntado se acredita que Trump poderá improvisar também na Casa Branca, o atual presidente respondeu de forma direta: "Não acredito".

Mas deu a seu sucessor o benefício da dúvida, ao lembrar que "está no processo de construir uma organização, e é preciso ver como funciona, e isso será uma prova para ele e as pessoas que designou para executar suas ideias".

"Não subestimem este cara, porque ele será o 45º presidente (dos EUA)", advertiu Obama, que assegurou que aconselhou Trump para que "certas normas e tradições institucionais não fiquem enfraquecidas, porque há uma razão pela qual estão aí".

Obama também refletiu sobre sua própria presidência na entrevista, e reconheceu que em várias ocasiões fracassou na hora de convencer o Congresso ou a população de suas iniciativas.

"Parte do trabalho (de presidente) é também dar forma à opinião pública. E fomos muito eficazes, e eu fui muito eficaz, em atrair o apoio da opinião pública a minhas campanhas", argumentou.

"Mas houve grandes períodos nos quais, inclusive quando pensava que estávamos fazendo o correto, não pudemos mobilizar a opinião pública com suficiente firmeza para debilitar a determinação dos republicanos a deixar de opor-se a nós. E houve vezes, em minha presidência, nas quais perdi a batalha de relações públicas", admitiu.

Embora não tenha conseguido mudar tudo em Washington, como se propôs em sua primeira campanha presidencial, Obama defendeu que transformou "algumas coisas" que estavam sob seu "controle direto", como "ser a primeira Administração na história moderna que não teve um grande escândalo na Casa Branca".

No entanto, admitiu que teria gostado que o Senado confirmasse seu indicado para juiz do Supremo Tribunal, Merrick Garland, a quem nomeou em março do ano passado e a quem o Congresso, liderado pela oposição republicana, se negou a dar "sequer uma audiência".

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