Barack Obama: as entradas para este último discurso foram disputadas na madrugada de sábado (Carlos Barria/Reuters)
AFP
Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 11h00.
Aos 55 anos, depois de dois mandatos na Casa Branca, Barack Obama despede-se nesta terça-feira da vida política americana.
O democrata, que passará o poder em 20 de janeiro ao republicano Donald Trump, escolheu a cidade de Chicago, terra de sua meteórica ascensão política, para discursar pela última vez como presidente dos Estados Unidos.
Acompanhado por sua esposa Michelle e pelo vice-presidente Joe Biden, vai se pronunciar no "McCormick Place", no coração desta grande cidade de Illinois (norte).
As entradas - gratuitas - para este último discurso foram disputadas na madrugada de sábado, em frente ao centro de conferências onde centenas de pessoas fizeram fila apesar do frio glacial.
A poucas quadras de distância, no Grant Park, imenso parque público encravado entre o Lago Michigan e arranhas-céus, que Obama falou na noite de sua primeira vitória, em 5 de novembro de 2008.
"Precisou de um longo tempo. Mas esta noite, graças ao que conquistamos hoje e conseguimos durante esta eleição, neste momento histórico, a mudança chegou", havia dito, a ocasião, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos depois de sua esmagadora vitória sobre seu adversário republicano John McCain.
"Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possível (...) a resposta lhe é dada esta noite", acrescentou diante de dezenas de milhares de pessoas reunidas no frio e acenando cartazes com o slogan "Yes, we can" ("Sim, podemos").
Oito anos à frente da primeira potência mundial embranqueceram seus cabelos e emagreceram seu rosto, mas o presidente em fim de mandato, que pode contar com um forte índice de aprovação, pretende transmitir mais uma vez uma mensagem de esperança.
Ele explicou que quer agradecer aos americanos por "esta aventura extraordinária" e "expressar algumas reflexões" sobre o futuro.
"Este é um discurso a parte (em um presidência), não há nenhum esquema pré-definido", explica à AFP Cody Keenan, redator de discursos de Barack Obama, que afirma ter lido o todos os seus antecessores (a tradição remonta a George Washington).
Se ele pretende falar sobre sua carreira e apresentar "sua visão da América", "não será um discurso anti-Trump", garante ele.
Falar sobre o futuro sem riscar seu sucessor em nome de uma transição política pacífica promete ser um exercício de equilibrista para aquele que disse durante a campanha que os progressos realizados ao longo dos últimos oito anos "iriam desaparecer como fumaça" em caso de vitória do magnata imobiliário.
Donald Trump vai participar nesta quarta-feira, em Nova York, pela primeira desde a sua eleição em 8 de novembro, de uma coletiva de imprensa.
Chicago, onde a família Obama ainda possui uma casa, irá desempenhar um papel central na "vida após" o presidente democrata: receberá sua biblioteca presidencial e sua fundação.
Obama esperava viver mais alguns anos em Washington, até sua filha mais nova, Sasha, terminar o ensino médio.
Mas ele recorda incansavelmente a sua forte ligação com Chicago: "Este é o lugar onde eu encontrei uma forma de idealismo, onde eu conheci minha esposa, onde minhas filhas nasceram".
Em seu retorno, na madrugada de quarta-feira, Barack Obama terá apenas dez dias na Casa Branca.
Foi neste edifício público, o mais antigo na capital dos Estados Unidos, que ele trabalhou e viveu por oito anos. E onde viu suas duas filhas crescerem.
"Este é um dos principais benefícios de ser presidente, sobre o qual você não pensa antes de chegar aqui, nunca levei mais de 30 segundos para ir de casa para o escritório...", disse em uma entrevista transmitida no domingo pela ABC.
"Foi graças a isso que consegui manter uma vida em família que me alimentou e apoiou durante todo este período."