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Obama pede que mundo entre na luta contra Estado Islâmico

União Europeia também condenou "o assassinato bárbaro" do refém francês, ressaltando que o bloco está "mais unido do que nunca" na luta contra terroristas

Presidente Barack Obama discursa na Assembleia Geral da ONU (Saul Loeb/AFP)

Presidente Barack Obama discursa na Assembleia Geral da ONU (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2014 às 16h23.

Nações Unidas - O presidente Barack Obama pediu nesta quarta-feira que o mundo se una aos Estados Unidos no combate aos jihadistas do Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, no momento em que os sequestradores do refém francês na Argélia divulgavam um vídeo de sua decapitação.

"A única linguagem que assassinos como esses entendem é a da força", declarou Obama durante seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York.

"Os Estados Unidos trabalharão com uma ampla coalizão para desmantelar esta rede da morte. Hoje peço ao mundo que se una a este esforço", afirmou o presidente dois dias depois dos primeiros ataques contra os jihadistas ultra-radicais na Síria feitos por Washington e por seus aliados árabes.

"Nós não vamos ceder a ameaças e provaremos que o futuro pertence àqueles que constroem, e não àqueles que destroem", insistiu Obama.

No mesmo momento, o grupo Jund al-Khilafa, ligado ao EI, divulgava um vídeo intitulado "Mensagem de sangue ao governo francês", mostrando a decapitação de um francês em represália ao envolvimento de Paris nos ataques contra os jihadistas no Iraque.

Em um primeiro vídeo difundido na segunda-feira, o grupo reivindicava o sequestro de Hérve Gourdel, um guia de montanha de 55 anos, e ameaçava matá-lo caso a França mantivesse seus ataques. Mas o ultimato foi rejeitado na terça-feira pelo presidente François Hollande, que denunciou nesta quarta um assassinato "cruel e covarde".

A União Europeia também condenou "o assassinato bárbaro" do refém francês, ressaltando que o bloco está "mais unido do que nunca" para apoiar a luta contra os "grupos terroristas".

"O assassinato bárbaro do cidadão francês Hervé Gourdel é uma ofensa aos valores e aos direitos universalmente reconhecidos", declarou em um comunicado o porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, acrescentando que "nenhum esforço deve ser poupado para que todos os autores desses crimes sejam levados à justiça".

O governo argelino denunciou a execução do francês, considerando-a um ato "odioso e desprezível".

O vídeo desta quarta-feira, postado em sites jihadistas, começa com imagens de Hollande na coletiva de imprensa durante a qual anunciou a participação da França nos ataques contra o EI no Iraque.

Em seguida, mostra o refém, de joelhos e com as mãos atadas atrás das costas, cercado por quatro homens armados e com os rostos cobertos.

Um dos homens lê uma mensagem em que denuncia a intervenção dos "cruzados criminosos franceses" contra os muçulmanos na Argélia, no Mali e no Iraque.

Lutar na internet

A encenação de sua decapitação se assemelha aos assassinatos dos dois jornalistas americanos sequestrados na Síria, James Foley e Steven Sotloff, e do ativista humanitário britânico David Haines por membros do EI nas últimas semanas.

Em outro trecho de seu discurso na ONU, Obama também pediu que o mundo lute contra o espaço ocupado pelos extremistas "na internet e nas redes sociais".

Na madrugada desta quarta-feira, a coalizão liderada pelos Estados Unidos realizou novos ataques contra posições com EI na Síria e no Iraque.

Nesta semana, participaram dos bombardeios aviões de Jordânia, Bahrein, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

A França também participou da ofensiva no Iraque na semana passada, mas não realizou outros ataques desde então. Hollande se nega a bombardear a Síria.

Além disso, o governo belga anunciou que enviará seis caças F-16 para combater junto com a coalizão internacional o EI no Iraque.

A decisão ainda deve ser aprovada pelo Parlamento e atende a um pedido formal de Washington feito na terça-feira, segundo o ministro da Defesa, Pieter De Crem.

A Holanda também revelou nesta quarta uma colaboração idêntica à da Bélgica, fornecendo seis caças F-16, de acordo com o vice-primeiro-ministro holandês, Lodewijk Asscher.

12.000 combatentes estrangeiros

Já o Parlamento britânico realizará na sexta-feira uma sessão extraordinária para debater a possibilidade de realizar ataques aéreos no Iraque contra o EI, segundo anunciou nesta quarta o primeiro-ministro David Cameron no Twitter.

Cameron, que se encontra em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, deu seu apoio a Washington e aos aliados que realizam ataques aéreos na Síria e no Iraque, mas até agora a participação britânica se limita a armar os combatentes curdos.

Enquanto isso, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou que Ancara poderá fornecer apoio militar ou logístico às operações.

Ainda nesta quarta, Obama presidirá uma reunião especial do Conselho de Segurança da ONU para adotar uma resolução visando a limitar o fluxo de "combatentes terroristas estrangeiros".

Cerca de 12.000 combatentes estrangeiros de 74 países diferentes teriam se juntado a organizações extremistas no Iraque e na Síria, de acordo com o Centro Internacional de Estudo da Radicalização de Londres.

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