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Obama pede moderação ao governo do Barein

O país já ignorou alertas anteriores de Washington a respeito da violência empregada contra manifestantes no país árabe

Especialistas em Oriente Médio dizem que o governo Obama tem pouca influência sobre a monarquia sunita do Barein

Especialistas em Oriente Médio dizem que o governo Obama tem pouca influência sobre a monarquia sunita do Barein

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 19h57.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez na sexta-feira um apelo por moderação ao governo do Barein, que já ignorou alertas anteriores de Washington a respeito da violência empregada contra manifestantes no país árabe.

"Estou profundamente preocupado com os relatos de violência no Barein, na Líbia e no Iêmen. Os Estados Unidos condenam o uso da violência por governos contra manifestantes pacíficos, nesses países e onde quer que isso possa ocorrer", disse Obama em nota lida por seu porta-voz, Jay Carney, a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.

Na Líbia, soldados tentavam conter os protestos, e no Iêmen quatro manifestantes que exigem a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh morreram durante confrontos com partidários do governo.

Mas é o Barein, sede da Quinta Frota Naval dos EUA, que constitui o maior dilema para o governo Obama, depois da rebelião popular que derrubou outro aliado seu, Hosni Mubarak, no Egito.

Em ambos os casos, Washington precisa equilibrar seus interesses estratégicos com a solidariedade às multidões que exigem democracia e reformas econômicas.

As forças barenitas abriram fogo contra manifestantes na sexta-feira em Manama, a capital, ferindo pelo menos 23 pessoas, segundo um ex-parlamentar xiita. Quatro pessoas morreram e centenas já haviam ficado feridas na véspera, quando soldados invadiram um acampamento de manifestantes.

Especialistas em Oriente Médio dizem que o governo Obama tem pouca influência sobre a monarquia sunita do Barein, onde a maioria xiita da população se diz discriminada.

Esses especialistas dizem, no entanto, que o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior dos EUA, pode estar repetindo o papel que já desempenhou na crise egípcia, ao manter abertos os canais de comunicação com os militares do Barein.


Sem entrar em detalhes, o Pentágono informou que na quinta-feira o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, falou por telefone com o príncipe barenita, xeique Salman bin Hamad al-Khalifa.

No mesmo dia, a secretária de Estado, Hillary Clinton, conversou com o chanceler do país, xeique Khaled bin Ahmed al-Khalifa, enfatizando a necessidade de que as forças barenitas evitassem a violência na sexta-feira, dia tradicional de orações -- e também de protestos -- para os muçulmanos.

"As opções para pressionar parecem extremamente limitadas. Apesar da estreita aliança, o Barein tem desafiado os Estados Unidos ao longo dos anos", disse Simon Henderson, especialista em questões do golfo Pérsico no Instituto para a Política do Oriente Próximo, em Washington.

Segundo ele, a repressão de sexta-feira mostra que o Barein decidiu "seguir a rota não-Obama, e usar a força para extinguir os protestos cedo e, se necessário, de forma selvagem."

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