Obama: presidente dos EUA tenta nova tacada para reestruturar dívida pública (J.D. Pooley/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2014 às 07h04.
Washington - Uma amistosa rodada de golfe entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder do Partido Republicano, John Boehner, implica elevados riscos que não são comuns, já que qualquer sentimento positivo pode contribuir para um acordo sobre a dívida.
Obama e Boehner, que também é o presidente da Câmara dos Deputados, iniciaram sua primeira rodada de golfe neste sábado pela manhã, um dia ensolarado, na base militar de Andrews, no Estado de Maryland.
Os dois mantêm um respeitoso relacionamento de trabalho, apesar das divergências, que refletem as enraizadas diferenças entre seus partidos sobre orçamento e finanças, o que elevou os temores do mercado sobre uma possível inadimplência dos EUA.
Assessores disseram que esse momento de lazer era uma oportunidade para os dois se conhecerem melhor e possivelmente estabelecerem um cenário no qual os democratas, de Obama, e os republicanos possam chegar a um acordo para elevar o limite da dívida pública do país, atualmente em 14,3 trilhões de dólares.
"Acho que esta é uma oportunidade que vale mais que o jogo", disse na sexta-feira o porta-voz da Casa Branca Jay Carney.
"Pode levar um pouco mais perto do tipo de acordo de que precisamos para que façamos as coisas que o povo americano espera que façamos", disse ele. "Se demorar algumas horas no campo de golfe for ajudar esse processo, acho que é uma coisa que vale a pena." Sem um acordo que permita ao país emitir mais dívida, o Departamento do Tesouro alertou o governo que terá de começar a deixar de pagar suas obrigações em 2 de agosto.
O vice-presidente Joe Biden e o governador do Estado de Ohio, o republicano John Kasich --perito em finanças do governo federal e amigo de Boehner--, uniram-se a Obama e Boehner no campo de golfe.
O porta-voz de Boehner, Brendan Buck, admitiu que a dívida e os déficits seriam provavelmente discutidos no gramado, mas disse que as duras decisões sobre corte de gastos seriam deixadas para os congressistas.
"Imagino que eles vão conversar sobre questões de política de governo, mas eu tentaria separar essa rodada de golfe de qualquer tipo de negociação séria", afirmou Buck. "É principalmente uma oportunidade para ter um evento social e jogar um pouco." Há anos os presidentes dos EUA costumam jogar golfe com amigo e adversários. Lyndon Johnson, por exemplo, buscou no gramado votos para o Ato dos Direitos Civis, em 1965, enquanto Bill Clinton costumava usar o esporte para negociar com aliados e opositores.
Mas Obama raramente recorre ao golfe como meio de fazer política, preferindo jogar apenas com amigos.