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Obama faz ataque velado a Trump e diz que "políticos não param de mentir"

Durante um discurso em memória do centenário de Mandela, Obama criticou as políticas adotadas no governo Trump sem se referir diretamente ao presidente

Obama criticou as políticas de imigração baseadas na raça (Siphiwe Sibeko/Reuters)

Obama criticou as políticas de imigração baseadas na raça (Siphiwe Sibeko/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de julho de 2018 às 15h28.

Última atualização em 17 de julho de 2018 às 15h35.

O ex-presidente americano Barack Obama lançou ataques velados a seu sucessor, Donald Trump, nesta terça-feira (17), criticando os céticos sobre as mudanças climáticas, as políticas migratórias baseadas "na raça" e os políticos que "não param de mentir".

Em um discurso político em Joanesburgo, por ocasião do centésimo aniversário do nascimento de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro sul-africano, Barack Obama tomou o cuidado de não nomear o atual inquilino da Casa Branca, mas suas inúmeros alusões a Donald Trump agitaram o estádio Wanderers.

"Dada a época incerta e estranha em que vivemos, as notícias nos trazem a cada dia manchetes perturbadoras que fazem nossa cabeça girar", disse o ex-presidente dos Estados Unidos no início de seu discurso diante de mais de 10 mil pessoas.

Ontem, o presidente Trump causou consternação ao virar as costas aos tradicionais aliados dos Estados Unidos e ceder a Vladimir Putin.

Em Joanesburgo, Obama também denunciou "a política do medo e do rancor".

Ele atacou os políticos que "só mentem". "Os políticos parecem rejeitar o conceito de verdade objetiva, as pessoas inventam", disse ele, provocando gargalhadas.

"Devemos acreditar nos fatos", insistiu, enquanto o seu sucessor denuncia diariamente as "fake news". "Negar fatos pode minar a democracia".

"Não consigo encontrar um terreno comum com alguém que diz que a mudança climática não existe, quando todos os cientistas dizem o contrário", continuou Barack Obama.

Uma das primeiras atitudes de Donald Trump na Casa Branca foi retirar os Estados Unidos do acordo climático de Paris, dizendo ser "injusto" para a indústria em seu país.

Sobre a política de imigração, Barack Obama atacou seu sucessor diretamente.

"Não é errado insistir que as fronteiras nacionais importam (...), mas isso não pode ser uma desculpa para as políticas de imigração baseadas na raça", disse ele.

Seu discurso em Joanesburgo marcou o auge das celebrações do centenário do nascimento de Nelson Mandela, ícone global da luta contra o apartheid, nascido em 18 de julho de 1918 e falecido em 5 de dezembro de 2013.

A cada ano a Fundação Mandela convida uma pessoa de prestígio para discursar no aniversário de "Madiba".

Depois de passar 27 anos nas prisões do regime racista branco, Mandela tornou-se em 1994 o primeiro presidente eleito democraticamente na África do Sul, um cargo que ocupou até 1999.

Mandela e Obama se viram uma única vez, em 2005, em Washington, mas se admiravam mutuamente.

Mandela continua sendo uma das grandes referências morais de Barack Obama, junto com o ex-presidente americano Abraham Lincoln e com o defensor dos direitos civis Martin Luther King.

O presidente americano esteve no funeral de Mandela, em 2013, no qual o descreveu como "um gigante da história que conduziu um povo para a justiça" e como "o último grande libertador do século XX".

Nesta terça-feira, Obama saudou a memória de "um verdadeiro gigante da História". "A luz de Madiba segue brilhando com muita força", afirmou, defendendo a visão de Mandela.

O ex-presidente aproveitou a ocasião para parabenizar a seleção francesa por sua vitória na Copa do Mundo-2018 e a diversidade identitária dos Bleus.

"Todos esses caras não parecem, na minha opinião, gauleses. Eles são franceses", disse ele aos aplausos, lamentando, no entanto, que "o mundo não tenha cumprido as promessas" de Madiba.

"A discriminação racial ainda existe na África do Sul e nos Estados Unidos e a pobreza explodiu", denunciou.

Quase 25 anos após o fim oficial do apartheid, a África do Sul apenas começou seu "longo caminho" para a liberdade, declarou na segunda-feira Graça Machel, retomando o título da autobiografia de seu marido "O longo caminho para a liberdade".

"Ainda temos um longo caminho a percorrer", disse à AFP.

O racismo ainda está presente em um país onde a pobreza persiste e que é o mais desigual do mundo, segundo o Banco Mundial. Coincidindo com o centenário de seu nascimento, a fundação Mandela pediu aos sul-africanos que "agissem e inspirassem mudanças" em nome de "Madiba".

Entre outras atividades, a celebração inclui competições esportivas, a publicação de testemunhos de pessoas que conheceram Mandela, a impressão de uma cédula com sua imagem e um grande show em dezembro, em Johannesburgo, com estrelas como Beyoncé, Jay-Z e Pharrell Williams.

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