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Obama fala sobre Síria, Boston e Guantánamo

Presidente dos EUA se mostrou cauteloso sobre os relatórios da inteligência durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca


	Barack Obama: "Devo estar certo de que conheço os fatos. Isto é o que o povo americano esperaria"
 (REUTERS/Brian Snyder)

Barack Obama: "Devo estar certo de que conheço os fatos. Isto é o que o povo americano esperaria" (REUTERS/Brian Snyder)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2013 às 21h07.

O presidente Barack Obama disse nesta terça-feira que os Estados Unidos podem reconsiderar sua política em relação à Síria se houver provas de que o regime de Damasco utilizou armas químicas.

Mas Obama se mostrou cauteloso sobre os relatórios da inteligência durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca: "Devo estar certo de que conheço os fatos. Isto é o que o povo americano esperaria".

"Se de alguma maneira for possível estabelecer que não apenas os Estados Unidos, mas também a comunidade internacional, estão certos de que o regime de Assad está utilizando armas químicas, então haverá uma mudança de política", advertiu.

O governo de Bashar al-Assad foi acusado de utilizar armas carregadas com agentes químicos contra alvos em áreas civis no âmbito de sua guerra contra os rebeldes armados.

Washington havia advertido anteriormente que o uso das chamadas armas de destruição em massa seria cruzar uma linha vermelha, algo que não deve ser tolerado, e que, neste caso, a comunidade internacional deveria reagir.

"Por mudança de política entendo a necessidade de repensar a gama de opções que temos à disposição", disse Obama.

"No ano passado pedi ao Pentágono, aos nossos líderes militares e de inteligência, que estudassem quais opções poderíamos considerar, mas não quero entrar em detalhes sobre quais podem ser", acrescentou o presidente, num momento em que se ouvem vozes no Congresso que exigem uma maior dureza por parte do governo contra o regime sírio, após dois anos de sangrenta guerra civil.

Mas Obama advertiu: "Se tomarmos decisões sem provas sólidas, talvez nos encontremos na situação de não poder mobilizar a comunidade internacional para sustentar o que fizermos", em referência à guerra do Iraque, invadido por tropas americanas em 2003 em nome da existência de armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas.


Na mesma coletiva de imprensa, o presidente Obama defendeu o trabalho realizado pela Polícia Federal (FBI) antes do duplo atentado de Boston (Massachusetts, nordeste), no dia 15 de abril.

"De acordo com o que li até agora, o FBI cumpriu com seu dever", declarou Obama, agradecendo à Rússia novamente por sua ajuda na investigação deste atentado.

O presidente também prometeu renovar seus esforços para fechar a prisão militar de Guantánamo (Cuba), onde cem presos suspeitos de atividades terroristas realizam uma greve de fome.

Um movimento de greve de fome seguido por 100 dos 166 detidos, segundo as autoridades da prisão, e por 130, de acordo com os advogados, entrou na segunda-feira em sua 12ª semana.

Obama disse que não quer que nenhum prisioneiro morra e pediu que o Congresso o ajude a encontrar uma saída legal a longo prazo para a questão do julgamento de combatentes inimigos.

"Não é uma surpresa para mim que tenhamos problemas em Guantánamo (...) Continuo acreditando que devemos fechar Guantánamo. É importante entender que Guantánamo não é necessário para a segurança dos Estados Unidos. Custa caro, é ineficaz", advertiu o presidente.

"Quero discutir novamente com o Congresso e defender que (manter a prisão de Guantánamo) não é do interesse do povo americano. Não é sustentável", acrescentou Obama.

"É fácil fazer demagogia com este tema", disse o presidente, referindo-se aos republicanos, que se opõem ao fechamento da prisão na base militar da ilha de Cuba.

"A ideia de manter (detido) para sempre um grupo de pessoas sem serem julgadas é contrária ao que somos, é contrária aos nossos interesses e isso deve terminar", disse.

As declarações de Obama foram saudadas por organizações de defesa dos direitos humanos. "O presidente Obama tem razão. Guantánamo não torna o país mais seguro e constitui um problema que seguirá se degradando se não for abordado", afirmou em um comunicado Daphen Eviatar, da Human Eights Watch.

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