"Nem eu nem nenhum presidente pode prometer a derrota definitiva do terrorismo. O que devemos fazer é desmantelar as redes que signifiquem uma ameaça direta", disse Obama (REUTERS/Larry Downing)
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2013 às 19h52.
O presidente Barack Obama anunciou nesta quinta-feira novos critérios para os ataques com drones (aviões não tripulados) e retomou sua promessa de fechar a prisão de Guantánamo, ao revelar a revisão da estratégia global americana contra o terrorismo.
Em um discurso em Washington sobre segurança que foi interrompido várias vezes por uma ativista, Obama disse que após as derrotas da Al-Qaeda no Paquistão e no Afeganistão, os Estados Unidos enfrentam uma nova ameaça de "diversas" franquias terroristas e o crescente temor de ações radicais dentro de suas fronteiras.
"Nem eu nem nenhum presidente pode prometer a derrota definitiva do terrorismo. O que devemos fazer é desmantelar as redes que signifiquem uma ameaça direta", disse Obama na Universidade de Defesa Nacional, buscando redefinir a estratégia antiterrorista mais de uma década depois dos atentados que destruíram as Torres Gêmeas de Nova York.
Obama anunciou também que vai anular a moratória sobre a transferência para o instável Iêmen de detentos da prisão de Guantánamo, em Cuba, e que designará um alto funcionário para supervisionar a transferência de prisioneiros.
No entanto, advertiu que os casos desses presos serão objeto de uma análise "caso a caso".
Além disso, Obama pediu que o Pentágono escolha um lugar em solo americano onde serão realizados os julgamentos em tribunais militares de exceção de detentos de Guantánamo que sofrerem acusações após a revisão de seus casos.
Os recentes esforços para fechar a prisão, uma promessa que Obama não cumpriu em seu primeiro mandato, coincidem com a greve de fome realizada atualmente por 103 dos 166 reclusos restantes.
A ameaça terrorista "mudou" desde o 11 de Setembro e, embora continue sendo "letal" é "menos capaz" de gerar um ataque em grande escala, advertiu Obama.
Em seu discurso, o presidente americano argumentou que o uso de aeronaves não tripuladas para perseguir terroristas é uma estratégia militar legal, efetiva e justa.
O poder aéreo convencional é "muito menos" preciso e, em algumas ocasiões, as ações efetuadas por soldados no terreno enfrentam riscos maiores. "Em resumo, esses ataques (com drones) salvaram vidas", afirmou.
Obama anunciou que havia assinado um novo memorando "insistindo em critérios mais claros, na supervisão e na responsabilidade" para o uso dessa nova tecnologia.
Esse memorando ressalta que as pessoas que forem alvo desses bombardeios têm que representar uma ameaça "iminente" aos americanos, e indica também que essas ações apenas podem ser efetuadas quando o suspeito não puder ser capturado facilmente.
Também exige a "certeza quase total de que civis inocentes não serão feridos ou mortos" nessas ações, segundo um documento divulgado anteriormente pela Casa Branca.
As regras para perseguir suspeitos em países como Somália, Iêmen e Paquistão não distinguirão cidadãos americanos que tenham se associado a organizações terroristas.
Na quarta, a Casa Branca admitiu pela primeira vez que havia matado o americano de origem iemenita Anwar al-Aulaki em um ataque com drones no Iêmen em 2011, e outros três americanos em ataques similares no exterior.
A morte de Aulaki desencadeou um forte debate constitucional nos Estados Unidos sobre se o presidente tem o direito de ordenar a morte de um americano suspeito de terrorismo sem garantir o devido processo.