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Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 19h35.
Phnom Penh - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou nesta segunda-feira em Yangun o processo de transição democrática que ocorre em Mianmar desde a dissolução do regime militar, há quase dois anos.
Obama, primeiro presidente americano a visitar este país asiático que esteve governado por mais de 50 anos por generais, se reuniu com o presidente birmanês, Thein Sein, considerado o artífice das reformas, e também com a grande incentivadora destas mudanças, Aung San Suu Kyi, Nobel da paz e líder do movimento democrático.
''Nosso objetivo é apoiar as reformas democráticas'' declarou o presidente americano após o encontro com Suu Kyi na residência em Yangun na qual ela ficou quase 15 anos em prisão domiciliar.
Suu Kyi, que participou de uma entrevista coletiva com Obama, disse esperar ''que este apoio continue durante os difíceis anos que estão pela frente'', em aparente alusão ao poder dos militares em virtude da Constituição e aos desafios econômicos e sociais que aguardam o país, que até pouco tempo era visto como o ''último fóssil'' do Sudeste Asiático.
Em discurso na Universidade de Yangun, na qual entre outros alunos estudou o general Aung San, pai de Suu Kyi e considerado o herói da independência de Mianmar, Obama exaltou o trabalho realizado pelo presidente Thein Sein desde que assumiu as rédeas do país.
''O desejo de uma mudança se encontrou com uma agenda para a reforma. Um civil lidera agora o governo, e o parlamento se reafirma'', disse Obama antes de citar alguns dos primeiros resultados da transição democrática.
Durante o discurso, o presidente americano acrescentou que desde que os generais cederam o poder absoluto, ''a antes ilegalizada Liga Nacional pela Democracia concorreu às eleições, e Aung San Suu Kyi é agora membro do Parlamento''.
Obama também lembrou que ''centenas de presos políticos foram libertados, o uso de mão de obra forçada está proibido. Foram obtidos pactos preliminares de cessar-fogo com os exércitos das minorias étnicas e adotadas novas leis para abrir a economia''.
A chegada de Obama a Mianmar, onde ficou por seis horas, foi precedida da ordem do presidente birmanês de libertar 66 presos, 43 deles destacados ativistas políticos ou de grupos comprometidos com a defesa dos direitos humanos e líderes de guerrilhas étnicas. A nova anistia seguiu outra, anunciada na sexta-feira passada e que beneficiou 452 reclusos.
Thein Sein e o atual governo civil - embora integrado em sua maioria por militares afins ao regime anterior - libertaram 700 ativistas políticos desde que começaram as reformas, de acordo com dados da Associação birmanesa para a Assistência aos Presos Políticos.
Na véspera da visita de Obama, que chegou a Mianmar acompanhado da secretária de Estado, Hillary Clinton - cuja viagem foi a última missão no exterior com o presidente -, o governo birmanês anunciou que tinha autorizado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos a abrir um escritório, e que permitirá as inspeções em suas prisões.
Obama disse, durante o discurso, que Mianmar voltará a receber ajuda dos EUA para o desenvolvimento, como resposta positiva às reformas democráticas empreendidas pelo governo e que para tramitá-la abrirá um escritório da Agência Americana para o Desenvolvimento (USAID), ausente no país durante décadas por causa dos abusos cometidos pela extinta Junta Militar.
Fontes da Casa Branca informaram que os Estados Unidos doarão US$ 170 milhões em ajudas nos próximos dois anos, embora tenham destacado que ela estará condicionada aos avanços realizados pelas autoridades no processo de reformas.
Após concluir sua visita a Mianmar, o presidente Obama viajou para Camboja, onde se reunirá com líderes asiáticos e participará, na próxima terça-feira, da Cúpula da Ásia Oriental.