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Obama e seus ataques contra Romney, uma faca de dois gumes

A estratégia pode se voltar contra o presidente americano e danificar a imagem do mandatário durante a disputa eleitoral

Obama critica a visão de Romney como um empresário bem sucedido
 (Jewel Samad/AFP)

Obama critica a visão de Romney como um empresário bem sucedido (Jewel Samad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2012 às 14h02.

Washington - O presidente americano, Barack Obama, centrou sua campanha pela reeleição em ataques cada vez mais intensos contra seu virtual rival republicano Mitt Romney por seu desempenho como empresário, mas essa estratégia pode se voltar contra ele e danificar a imagem do mandatário.

Em 2008, Obama teve êxito ao se apresentar como um novo tipo de político, que tinha pontes com seus rivais e que se comportava com um estilo distante da aspereza dominante em Washington.

Seus ataques recentes contra Romney tentam minar o argumento principal de campanha de seu rival, que tenta se apresentar como um empresário bem sucedido, com experiência na administração da economia e capaz de assegurar a recuperação do país.

Mas segundo analistas, se insistir nessa linha, o presidente democrata corre o risco de perder o apoio de eleitores que continuam apostando nele, apesar da lentidão com que os Estados Unidos estão saindo da crise.

"É possível que se Obama realizar uma campanha negativa demais contra Romney, algumas pessoas terminem desaprovando sua postura", ressaltou Robert Erikson, um cientista político da Universidade de Columbia, em Nova York.

Erikson reconheceu, no entanto, que mesmo que essa estratégia possa fazer com que Obama perca alguns votos, também pode ser rentável. Uma campanha negativa contra Romney "talvez signifique uma perda de apoio para o próprio Obama, mas seu oponente pode perder ainda mais", indicou.

"Se eu fosse conselheiro de Obama, creio que não recomendaria a ele que tivesse uma atitude negativa em relação ao seu adversário. Acho que não seria o mais prudente", acrescentou.

Pesquisas recentes concedem a Obama uma ligeira vantagem sobre Romney, que muito provavelmente será o candidato republicano para as eleições de novembro, mas também sugerem que o presidente possui escassa margem de erro para conseguir a reeleição.

Uma sondagem do The Washington Post e da ABC News concluiu que os americanos que desaprovam a gestão de Obama são mais numerosos do que aqueles que a aprovam (49% contra 47%) e que a maioria absoluta das pessoas consultadas pela pesquisa (55%) não concorda com a maneira como o presidente administra a economia do país.


Por outro lado, 52% dos consultados acreditam que a personalidade de Obama é mais adaptada para que seja presidente do que a de seu rival.

Outra sondagem, do The Wall Street Journal e da NBC News, mostra que 49% dos americanos têm uma opinião muito boa ou bastante positiva sobre Obama, enquanto apenas 34% dizem o mesmo de Romney, ex-governador de Massachusetts (nordeste) e empresário que teve que disputar duras batalhas para obter a virtual indicação de seu partido.

A equipe de Obama insistiu recentemente em atacar Romney por sua gestão à frente da empresa de investimentos Bain Capital, acusando-o de "vampirizar" empresas arruinadas e de realizar demissões em massa.

O próprio presidente declarou publicamente que considera contraditório que alguém que pretenda governar o país e defender o bem público busque o lucro pessoal e beneficie os mais ricos com suas medidas.

"Acho normal que alguém se dedique a aquisições corporativas. Mas esse não é o trabalho de um presidente", disse Obama na quinta-feira passada em Iowa (centro).

Conselheiros de alto nível do chefe de Estado insistem que são praticamente nulos os riscos de o próprio presidente ser mais prejudicado do que Romney por conduzir uma campanha dura.

O The Wall Street Journal informou no sábado que, apesar de alguma preocupação entre alguns democratas moderados com os ataques contra Romney, a campanha de Obama intensificará essa estratégia.

A ofensiva pode se estender para a própria gestão de Romney no governo de Massachusetts, entre 2003 e 2007.

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