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Obama e Romney divergem sobre China e temas comerciais

A polêmica relação comercial entre Estados Unidos e China foi um dos principais temas da campanha eleitoral norte-americana

Presidente Barack Obama em debate eleitoral com o candidato Mitt Romney (Mike Segar/Reuters)

Presidente Barack Obama em debate eleitoral com o candidato Mitt Romney (Mike Segar/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 18h17.

Washington  - A polêmica relação comercial entre Estados Unidos e China foi um dos principais temas da campanha eleitoral norte-americana deste ano, na qual o presidente Barack Obama defendeu sua atuação e o desafiador Mitt Romney prometeu uma abordagem mais dura.

A seguir, uma comparação entre as posições de Romney e Obama a respeito da China e de outras questões comerciais.

EUA-China - O déficit comercial dos EUA com a China tem disparado sob governos democratas e republicanos, saltando de 6 milhões de dólares em 1985 para um recorde de 295 bilhões de dólares em 2011. Isso reflete tanto a ascensão da China na indústria global como também a maior participação dos consumidores na economia norte-americana.

O escritório de Representação Comercial dos EUA já abriu 15 processos contra a China na Organização Mundial do Comércio (OMC). Oito foram iniciados pelo governo Obama desde sua posse, em janeiro de 2009. Os outros sete datavam do período do republicano George W. Bush.

Neste ano, Obama criou um grupo específico para fiscalizar a adesão da China e de outros países às regras comerciais. Mas Romney diz que Obama não é suficientemente agressivo na contestação a práticas comerciais chinesas irregulares. Ele prometeu usar a ameaça de sanções comerciais e uma ação coordenada com países aliados para obrigar a China a cumprir as regras comerciais globais.

Romney diz que os EUA não precisam aceitar "um déficit comercial enorme e aparentemente perpétuo" com a China, e que as empresas norte-americanas deveriam ter na China a mesma liberdade comercial que companhias chinesas têm nos EUA.


Câmbio - Uma das questões mais polêmicas nas relações entre os dois países é a taxa de câmbio chinesa. Muitos parlamentares e industriais norte-americanos acusam Pequim de desvalorizar propositalmente o iuan para baratear artificialmente os produtos chineses no mercado global.

O governo Obama frustrou muitos apoiadores por se recusar, em sete relatórios semestrais sucessivos do Departamento de Tesouro, a qualificar oficialmente a China como um país manipulador cambial. Obama criticava Bush por adotar a mesma posição.

Mas, assim como fez Bush, Obama usou a pressão diplomática para incentivar Pequim a elevar o valor da sua moeda frente ao dólar. Nesse quesito, ele pode apontar algum avanço.

O Instituto Peterson de Economia Internacional calculou em maio deste de 2012 que a moeda chinesa estivesse desvalorizada em 7,7 por cento frente ao dólar, contra uma desvalorização de 31,5 por cento em julho de 2008.

Romney prometeu que, se for eleito, vai no primeiro dia de mandato declarar a China como manipuladora cambial. Ele criticou o governo Obama por adiar o próximo relatório do Tesouro para depois da eleição --o texto deveria sair em 15 de outubro.

O republicano também promete autorizar o Departamento de Comércio a impor retaliações tributárias sobre as importações chinesas para contrabalançar a desvalorização cambial, uma opção que o governo Obama considerou, mas rejeitou.

Autoridade de Promoção Comercial - A Autoridade de Promoção Comercial, também conhecida como legislação comercial "fast-track", autoriza a Casa Branca a negociar acordos comerciais que então podem, num prazo de 90 dias, serem aceitos ou rejeitados pelo Congresso, sem emendas.

O governo Bush usou isso para negociar acordos comerciais com 16 países da América Latina, Oriente Médio e Ásia-Pacífico, antes de a autorização "fast-track" expirar em junho de 2007.


Obama não solicitou uma renovação desse recurso, geralmente considerado essencial para estimular outros países a fazerem as melhores ofertas possíveis nas negociações comerciais.

Há quase quatro anos, funcionários do governo dizem que Obama irá solicitar a autoridade de promoção comercial "no momento adequado", o qual alguns analistas acham que pode ser em 2013.

Romney diz que buscaria uma renovação imediata da autoridade de promoção comercial para negociar novos acordos comerciais, com particular ênfase em países da América do Sul.

Acordos bilaterais e regionais - Obama obteve a ratificação dos acordos comerciais selados pelo governo Bush com a Coreia do Sul, a Colômbia e o Panamá, depois de alterações que tornaram esses tratados mais palatáveis para os democratas.

Ele também manteve as negociações da Parceria Transpacífica, outra iniciativa do governo Bush, e supervisionou a expansão dessas negociações comerciais regionais, que atingem agora 11 países: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Vietnã, Malásia, Cingapura, Chile, Peru, Brunei, Canadá e México.

Obama também explora a possibilidade de um acordo comercial com a União Europeia, que reúne 27 países, e pode anunciar até o fim do ano a abertura oficial de negociações.

Romney diz que usaria o "fast-track" para completar a Parceria Transpacífica, para buscar um acordo bilateral com a UE e para explorar acordos de livre comércio com nações como Brasil e Índia.

O republicano propõe também a criação de uma "Zona Econômica Reagan", um mega-acordo de livre comércio entre países que estejam dispostos a abrir seus mercados além daquilo que a OMC exige.

Negociações comerciais globais - Muitos países em desenvolvimento esperavam que Obama injetasse um novo fôlego nas moribundas negociações comerciais globais lançadas no fim de 2001.


Em vez disso, a nova delegação dos EUA seguiu a mesma linha do governo Bush, ao exigir que grandes nações em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, concordassem com uma maior redução tarifária e outras aberturas de mercado.

Embora acadêmicos ligados ao comércio continuem apresentando ideias para a retomada e conclusão da chamada Rodada Doha do comércio global, pouco se fala do processo da OMC na atual campanha presidencial.

No entanto, os EUA e cerca de 20 outros países da OMC têm explorado a ideia de negociar um acordo internacional de serviços, iniciativa que provavelmente continuará em 2013, independentemente de quem ocupar a Casa Branca.

O governo Obama também tenta convencer os países da OMC a ampliarem o Acordo de Tecnologia da Informação, de 1996, que eliminou tarifas sobre computadores e outros produtos tecnológicos.

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