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Obama e Raúl Castro protagonizam diálogo de reconciliação

Encontro na VII Cúpula das Américas é histórico. Aperto de mão selou decisão que havia sido anunciada em dezembro do ano passado

Barack Obama e Raul Castro: aproximação pessoalmente conclui acordo de dezembro do ano passado (REUTERS/Panama Presidency/Handout)

Barack Obama e Raul Castro: aproximação pessoalmente conclui acordo de dezembro do ano passado (REUTERS/Panama Presidency/Handout)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2015 às 13h01.

Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro manterão neste sábado um primeiro diálogo frente a frente, que reafirmará seu desejo de avançar para uma normalização das relações entre os Estados Unidos e Cuba, inimigos há mais de 50 anos.

Os dois devem se encontrar à margem da VII Cúpula das Américas, depois que, na noite de sexta-feira, na abertura do fórum, um aperto de mão dos dois selou a decisão anunciada em 17 de dezembro de buscar a reconciliação entre os dois países.

Os governos mantêm reservas em relação aos pormenores do encontro, mas espera-se que aconteça em um ambiente tranquilo, em meio ao coro de presidente latino-americanos que elogiaram a aproximação.

"As cortesias entre os presidentes Obama e Raul Castro oferecem a esperança de uma cúpula libre das correntes da Guerra Fria. O diálogo deve servir para incentivar a cooperação multilateral em diversos campos nos quais pela primeira vez Cuba estará incluída em nível continental", afirmou à AFP o acadêmico cubano Arturo López Levy, da Universidade de Denver.

Obama e Raul Castro compartilharam na noite de sexta-feira um jantar com o resto dos dirigentes, e na quarta-feira passada conversaram por telefone, segundo uma fonte da Casa Branca.

Aperto de mãos

Barack Obama e Raúl Castro protagonizaram um histórico aperto de mãos na sexta-feira, na abertura da cúpula. Em meio aos flashes dos fotógrafos, os dois líderes se cumprimentaram e conversaram rapidamente.

Obama e Raúl Castro se sentaram na segunda das três fileiras, separados apenas pelos presidentes de Equador, Rafael Correa, e de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, no Centro de Convenções Atlapa, onde a Cúpula foi inaugurada com a presença dos líderes dos 35 países da região.

"Esta Cúpula do Panamá tem um conteúdo especial (...), é a primeira vez na história das Américas que se reúnem na mesma mesa os 35 chefes de Estado e de Governo", afirmou em seu discurso o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, ao chamar o encontro de "histórico".

Entre os aplausos dos presidentes, Insulza saudou a aproximação de Estados Unidos e Cuba visando a normalização das relações, anunciada por Obama e Castro em 17 de dezembro passado. "O diálogo é o melhor caminho para se resolver as divergências".

Na noite de quinta-feira, o secretário americano de Estado, John Kerry, se reuniu com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no primeiro encontro bilateral de alto nível em mais de 50 anos.

Um funcionário da diplomacia americana destacou avanços no encontro histórico.

"O secretário Kerry e o ministro cubano das Relações Exteriores Rodriguez tiveram uma prolongada e construtiva conversa. Ambos concordaram que foram feitos progressos e que continuaremos trabalhando para resolver os temas pendentes", disse a fonte do Departamento de Estado.

O encontro anterior entre os chefes da diplomacia de Washington e Havana remontava a setembro de 1958, lembraram funcionários americanos.

Ainda na quinta-feira, o Departamento de Estado recomendou a retirada de Cuba da lista de países que supostamente financiam o terrorismo, um dos passos necessários para a normalização diplomática bilateral.

Ao anunciar o início da aproximação com Havana, Barack Obama tinha pedido ao departamento de Estado que revisasse a presença de Cuba na lista, segundo a legislação vigente.

Cuba integra a lista, que inclui ainda Irã, Síria e Sudão, desde 1982.

Havana deixou claro que considera prioritário que o país seja retirado da lista para que avancem as negociações sobre o restabelecimento das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas.

Em visita à Jamaica, na quinta-feira, Obama destacou que o processo de negociações "levará tempo". "Nunca previ que tudo pudesse mudar do dia para a noite". Mas o presidente também avisou que estará na cúpula com "uma mensagem de diálogo".

Um dos objetivos imediatos da agenda de aproximação é o restabelecimento dos laços diplomáticos e a abertura das embaixadas. No momento, Havana e Washington têm Seções de Interesses, um status diplomático excepcional que os dois países mantêm nas duas capitais desde 1977, sob os auspícios da Suíça.

Entre os pontos de maior polêmica estão as indenizações para as empresas americanas nacionalizadas após a Revolução Cubana nos anos 60; e a exigência de Havana de uma compensação pelas perdas provocadas pelo embargo comercial imposto por Washington à Ilha a partir de 1962, que segundo o governo teria provocado um prejuízo de 116 bilhões de dólares.

Havana também quer a devolução da base naval de Guantánamo, no extremo leste da Ilha, que os Estados Unidos ocupam desde 1903, mas este é um tema tabu para Washington, especialmente porque Obama ainda precisa fechar o centro de detenção que funciona na base, onde permanecem mais de 100 prisioneiros da "guerra contra o terror".

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