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Obama é criticado em livro de seu ex-secretário de Defesa

Robert Gates afirma que presidente não acreditava em sua própria estratégia para Afeganistão e desconfiava do conselho de seus assessores

Ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, com o presidente dos EUA, Barack Obama, em uma foto de junho de 2011 (Jason Reed/Reuters)

Ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, com o presidente dos EUA, Barack Obama, em uma foto de junho de 2011 (Jason Reed/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 21h47.

Washington - O ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirma em seu novo livro de memórias que o presidente americano, Barack Obama, seu chefe durante mais de dois anos, não acreditava em sua própria estratégia para o Afeganistão e desconfiava do conselho de seus assessores militares, segundo trechos antecipados nesta terça-feira.

Gates, que foi o último secretário de Defesa na administração do ex-presidente George W. Bush e continuou no cargo com Obama até junho de 2011, descreve sua relação com os líderes em seu livro "Duty: Memoirs of a Secretary at War" ("Dever: Memórias de um Secretário em Guerra"), que será lançado no dia 14 de janeiro.

No início de 2010, Gates já tinha claro que Obama "não acredita em sua própria estratégia (para a guerra do Afeganistão) e não considera que esta guerra seja sua", de acordo com trechos publicados pelo jornal "Washington Post".

"Para ele, isto só se trata de sair (do Afeganistão)", acrescenta Gates no livro.

O líder "era cético, para não dizer que estava absolutamente convencido", que a estratégia que ele mesmo tinha traçado para o Afeganistão "fracassaria", assegura o ex-secretário de Defesa.

"Muito em breve na administração de Obama, a suspeita e a desconfiança nos altos funcionários militares por parte de altos funcionários da Casa Branca - inclusive o presidente e o vice-presidente - se tornou um grande problema para mim à medida que tentava tramitar a relação entre o comandante-em-chefe e os líderes militares", escreve o ex-chefe do Pentágono.

Gates lembra sua frustração durante um encontro em particular do Conselho de Segurança Nacional em março de 2011, quando Obama mostrou seu enfado com os militares por vazamentos à imprensa, em uma aparente acusação ao general encarregado de dirigir a estratégia no Afeganistão, David Petraeus.


"Lembro que pensei: o presidente não confia em seu comandante (Petraeus), não suporta (o presidente do Afeganistão, Hamid) Karzai e não acredita em sua própria estratégia" comenta Gates.

"Nunca duvidei do apoio de Obama às tropas, só de seu apoio a sua missão", destaca em seguida, ao lembrar as decisões do líder de enviar 30 mil soldados mais ao Afeganistão em 2010 e começar a retirada em meados de 2011.

O ex-secretário de Defesa, que também foi diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), se mostra especialmente irritado pela "microgestão" da Casa Branca, sua tendência a tomar decisões sem levar em conta o conselho do Pentágono.

"A Casa Branca de Obama é de longe a mais centralizada e controladora em segurança nacional de todas as que vi desde que Richard Nixon e Henry Kissinger comandavam o governo", sustenta Gates, que trabalhou com oito presidentes.

Segundo Gates, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o ex-diretor da CIA, Leon Panetta, sabiam de sua impressão nesse sentido, mas ele nunca comunicou ao próprio Obama.

No livro, Gates também assegura que Hillary Clinton confessou uma vez, durante uma conversa com Obama, que sua decisão de votar contra o aumento de tropas no Iraque em 2007 teve fundo político, pois sabia que enfrentaria o futuro presidente nas eleições primárias no ano seguinte.

Obama respondeu "vagamente" que ele também tinha votado guiado por motivos políticos, algo que "consternou" o ex-secretário de Defesa.

Apesar de suas reprovações, Gates surpreende ao afirmar perto do final do livro que acredita que Obama "fez o correto em cada uma das decisões" que tomou no Afeganistão, uma contradição com a qual talvez tenta suavizar uma voz crítica que se escuta pouco entre os ex-subordinados de um presidente que ainda está no poder.

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