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Obama diz que Liu Xiaobo merece Nobel mais do que ele

Atual Nobel da Paz cumpre pena de 11 anos na China por "subversão"

Protestos pela libertação de Xiaobo: Obama criticou a falta de democracia na China (Wikimedia Commons)

Protestos pela libertação de Xiaobo: Obama criticou a falta de democracia na China (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 12h50.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou nesta sexta-feira que o ativista chinês Liu Xiaobo merece o Prêmio Nobel da Paz muito mais do que ele e voltou a pedir que o dissidente seja libertado.

Em declaração divulgada pela Casa Branca no dia em que Liu, que se encontra preso na China, deveria receber em Oslo o Prêmio Nobel da Paz, Obama elogia as conquistas econômicas chinesas, mas adverte que "a dignidade humana depende do avanço da democracia".

O presidente dos Estados Unidos, quem há um ano recebeu o Prêmio Nobel da Paz, assinala na nota que "Liu merece esse prêmio muito mais do que eu".

Liu, crítico literário e ativista de 54 anos, cumpre pena de 11 anos de prisão por subversão por ter publicado há dois anos um apelo em favor de profundas mudanças políticas no sistema unipartidário da China.

Apesar dos apelos internacionais após a concessão do Nobel a Liu, o dissidente permanece preso e o Governo de seu país proibiu que sua mulher, outros parentes ou seus amigos e simpatizantes viajem para Oslo.

Esta é a primeira vez, desde 1936, que não haverá em Oslo a presença nem do agraciado nem de algum de seus parentes. Em 1936, quando o regime nazista da Alemanha impediu que o jornalista Carl von Ossietzky, que estava preso, fosse a Oslo para receber o Prêmio Nobel da Paz.

"Todos temos a responsabilidade de construir uma paz justa que reconheça os direitos inerentes e a dignidade dos seres humanos", sustenta em sua declaração o presidente Obama. "Em nossas vidas, em nossos países e no mundo, a busca de uma paz justa continua sendo incompleta".

Obama menciona a libertação recente em Mianmar de outra vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a dissidente Aung San Suu Kyi. Segundo o presidente americano, no Timor-Leste, outro premiado, José Ramos Horta, "continuou seu trabalho incansável por um país livre e próspero".

"Os direitos humanos são universais, não pertencem a uma nação, uma região ou um credo", diz Obama.

"Os Estados Unidos respeitam a cultura única e as tradições dos diferentes países, e respeitamos as conquistas extraordinárias da China na tarefa de tirar da pobreza milhões de pessoas", acrescenta o presidente.

"Mas Liu nos lembra que a dignidade humana também depende do avanço da democracia, de uma sociedade aberta e do império da lei", declara Obama.

"Os valores que ele defende são universais, sua luta é pacífica e deveria estar em liberdade tão breve quanto possível", conclui Obama quem lamenta que Liu e sua esposa não tenham tido permissão de comparecer à cerimônia do Nobel.

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