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Obama cancela reunião com presidente filipino após insultos

Os dois governantes se reuniriam durante o encontro de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que acontece em Vientiane


	Barack Obama: Duterte "lamenta que suas declarações tenham causado tal polêmica"
 (Reuters/Jonathan Ernst)

Barack Obama: Duterte "lamenta que suas declarações tenham causado tal polêmica" (Reuters/Jonathan Ernst)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2016 às 09h12.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cancelou um encontro previsto para esta terça-feira no Laos com o presidente filipino, Rodrigo Duterte, que o chamou, na véspera, de "filho da p...".

Os dois governantes se reuniriam durante o encontro de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que acontece em Vientiane.

Duterte "lamenta que suas declarações tenham causado tal polêmica", anunciou o governo filipino em um comunicado publicado pouco antes do início da reunião da Asean.

"Apesar de a causa imediata (da polêmica) ser os fortes comentários em certas perguntas da imprensa (...) também lamentamos que tenha sido interpretado como um ataque pessoal contra o presidente dos Estados Unidos", assinalou um comunicado da presidência.

"O presidente Duterte explicou que os comentários da imprensa segundo os quais o presidente iria falar sobre as execuções extrajudiciais o levaram a fazer o comentário virulento", completa o texto.

Na segunda-feira, Duterte falou sobre o que diria a Obama caso fosse questionado sobre os direitos humanos e, em particular, sobre seus métodos na luta contra o narcotráfico.

"Deve ser respeitoso. E não só lançar perguntas e declarações. Filho da p..., vou xingá-lo nesta cúpula", disse Duterte em uma coletiva de imprensa.

Execuções extrajudiciais

O presidente filipino é muito criticado por ter estimulado os filipinos a matar os viciados em drogas e os traficantes. As execuções extrajudiciais provocaram oficialmente 2.000 mortes desde que Duterte chegou ao poder em junho.

Esta é a primeira reunião internacional com a presença de Duterte, que foi eleito após uma campanha dominada por um discurso populista. O presidente filipino, que multiplica os atos ofensivos, já havia ameaçado sair da ONU e romper relações com os Estados Unidos e a Austrália.

Durante a campanha eleitoral, ele chamou o embaixador americano em Manila de "filho de puta" e fez comentários homofóbicos.

O conflito entre Estados Unidos e Filipinas acontece em um momento importante para a região, com o governo chinês tentando assumir o controle sobre o mar da China Meridional, também reivindicado pelo governo filipino, assim como por Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan.

O sudeste asiático ocupa um espaço importante na política externa e comercial dos Estados Unidos.

Entre os principais temas do programa da reunião, Obama deve defender o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP na sigla em inglês).

Vários países da Asean (formada por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã) assinaram o TPP.

A reunião de Vientiane também deve registrar o primeiro encontro de Obama com a birmanesa Aung San Suu Kyi desde que ela venceu as eleições legislativas em seu país em novembro de 2015.

Na capital do Laos, Obama visitará na quarta-feira um centro de ajuda às vítimas das bombas.

Laos é o país do mundo onde caíram mais bombas por habitante quando a guerra no vizinho Vietnã atingiu seu território entre 1964 e 1973.

Washington buscava cortar as vias de abastecimento dos combatentes do Vietnã do Norte. Mais de duas toneladas de bombas foram lançadas e 30% não explodiram, o que representa quase 80 milhões de bombas de fragmentação ativas, que mataram ou feriram mais de 20.000 pessoas desde o fim da guerra.

Obama é o primeiro presidente americano a visitar o Laos, país descrito como uma sucursal da China, que desenvolve vários projetos econômicos, de cassinos até minas.

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