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Obama anuncia um novo capítulo nas relações EUA-Cuba

Barack Obama anunciou novo capítulo nas relações entre os EUA e Cuba, dizendo que é hora de acabar com "um enfoque antiquado sobre a ilha comunista"


	Barack Obama: "através dessas mudanças, tentamos criar mais oportunidades para os povos americanos e cubanos"
 (Saul Loeb/AFP)

Barack Obama: "através dessas mudanças, tentamos criar mais oportunidades para os povos americanos e cubanos" (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 15h55.

Washington - O presidente Barack Obama anunciou nesta quarta-feira um novo capítulo nas relações entre os Estados Unidos e Cuba, assinalando que já é hora de acabar com "um enfoque antiquado sobre a ilha comunista".

"Através dessas mudanças, tentamos criar mais oportunidades para os povos americanos e cubanos e iniciar um novo capítulo", afirmou.

Falando em cadeia nacional, Obama também anunciou que os Estados Unidos vão revisar a designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo e que vai discutir no Congresso a suspensão do embargo aplicado contra Havana, destacando que isolar a ilha por 50 anos não atingiu seus objetivos.

Obama agradeceu ainda ao papa Francisco pela ajuda que proporcionou no processo de aproximação dos dois países.

Imediatamente, o Vaticano anunciou que Francisco expressou sua grande satisfação pela decisão histórica de Cuba e dos Estados Unidos de restabelecer relações diplomáticas, confirmando a mediação pessoal do santo padre.

Em um comunicado, o Vaticano confirmou o envio de duas cartas do Papa ao presidente Raul Castro e a Barack Obama.

Também confirmou que o Vaticano recebeu delegações dos dois países em outubro.

Já o presidente cubano, Raul Castro, em um pronunciamento simultâneo, anunciou que, durante conversa por telefone com o presidente americano, na terça-feira, acertou "o restabelecimento das relações diplomáticas" com os Estados Unidos, lamentando, no entanto, que ainda seja mantido o "bloqueio" econômico sobre a ilha.

"Acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas. Isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido: o bloqueio econômico", disse Raul, que confirmou, também, a libertação de três agentes cubanos presos nos Estados Unidos, assim como as do funcionário terceirizado do governo americano Alan Gross e de um "espião de origem cubano" a serviço de Washington em Cuba.

"Chegaram hoje à nossa pátria Gerardo (Hernández), Ramón (Labañino) e Antonio (Guerrero)", os três cubanos que continuavam presos nos Estados Unidos, dos cinco agentes detidos em 1998 e condenados a longas penas de prisão por espionagem.

Raul Castro expressou que a decisão de Obama de mudar a política com Havana depois de meio século, anunciada na mesma hora em Washington pelo presidente americano, merece "respeito e reconhecimento".

"Esta decisão do presidente Obama merece respeito e reconhecimento do nosso povo", afirmou o presidente cubano, que agradeceu o apoio do papa Francisco e do governo canadense no processo de aproximação entre Cuba e Estados Unidos

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por sua vez, saudou calorosamente a decisão de Washington e Havana e ofereceu a ajuda da ONU.

"As Nações Unidas estão prontas para ajudar esses dois países a desenvolver suas relações de boa vontade", afirmou Ban em coletiva de imprensa.

Em Miami, cidade americana onde vive a maior parte dos cubanos refugiados, Obama foi criticado por fazer concessões a Havana.

"É uma traição", disse à AFP o cubano Evelio Montada, de 70 anos, na conhecida Calle 8 de Little Havana, por muito tempo epicentro da vida cubana em Miami, na Flórida (sudeste dos EUA), onde várias pessoas se reuniam, sobretudo idosos, para conversar sobre o acontecimento histórico do dia.

Os pronunciamentos de Obama e Raul Castro aconteceram depois que as autoridades cubanas anunciaram a libertação do prisioneiro americano Alan Gross ante um pedido de caráter humanitário feito pelos Estados Unidos.

O americano de 65 anos cumpriu 5 de uma pena de 15 anos de prisão por "ameaças à segurança de Estado".

A situação de Gross, detido em 2009 e condenado em 2011, era vista como o principal obstáculo para uma normalização das relações entre os dois países.

Gross foi libertado em troca de três agentes cubanos que cumpriam condenações nos Estados Unidos.

Cuba também concordou em libertar 53 presos políticos, e essas libertações já teriam começado, segundo informou um funcionário americano.

*Atualizada às 16h29 do dia 17/12/2014

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