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Obama admite tensões na relação com Paquistão

Desde a morte de Bin Laden, o convívio sofreu novos revezes, como a morte de 24 soldados paquistaneses em um ataque americano em novembro

As relações entre os dois aliados são tensas por uma série de incidentes
 (Jewel Samad/AFP)

As relações entre os dois aliados são tensas por uma série de incidentes (Jewel Samad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2012 às 09h38.

Seul - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, admitiu nesta terça-feira a existência de tensões na relação com o Paquistão em reunião com o primeiro-ministro desse país, Yousef Raza Gillani, após o encerramento da 2ª Cúpula de Segurança Nuclear em Seul.

'Houve momentos nos últimos meses nos quais as relações atravessaram períodos de tensão', declarou o presidente americano no início da reunião, a primeira entre os dois desde a morte do líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, em maio do ano passado em território paquistanês.

Essa morte, realizada por um comando americano na localidade paquistanesa de Abbottabad, fez com que as relações sofressem uma forte deterioração, cisão essa que ainda não conseguiu ser superada.

Desde então, o convívio sofreu novos revezes, como a morte de 24 soldados paquistaneses em um ataque americano em novembro.

Precisamente, a reunião ocorre depois que o Pentágono tenha anunciado que não levará a julgamento nenhum dos militares responsáveis pelo ataque.

Conforme Obama, 'é importante a existência de um diálogo franco para solucionar estes assuntos'.

O Parlamento paquistanês revisa a natureza da relação bilateral e como consequência disso, Obama espera 'conseguir uma posição equilibrada que respeite a soberania paquistanesa, mas também que respeite as preocupações americanas em torno da própria segurança nacional' e a necessidade de combater o terrorismo.

O presidente americano destacou pontos do acordo entre os dois Governos, como a necessidade de impedir que grupos terroristas consigam ter acesso a armamento nuclear.

Ele elogiou o trabalho desenvolvido pelo Governo de Gillani no processo de reconciliação afegão e destacou a importância para ambos os países da estabilidade no Afeganistão.

Por sua vez, Gillani declarou que 'seu país está comprometido em lutar contra o terrorismo'. 'Queremos estabilidade no Afeganistão e no Paquistão'.

'Queremos colaborar com os senhores' para conseguir a paz e a prosperidade no país e a região, acrescentou o primeiro-ministro.


Segundo o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, a reunião tinha como objeto abordar as recentes tensões e permitir que os dois líderes pudessem falar diretamente.

Obama 'entende claramente o processo que ocorre no Paquistão', ele mesmo 'comunicou claramente a Gillani as posições dos EUA, quais são os interesses chaves dos EUA'.

A reunião entre os dois líderes coloca fim a participação de Obama na 2ª Cúpula de Segurança Nuclear, que se desenvolveu sob a sombra da ameaça da Coreia do Norte de lançar o mês próximo um satélite de observação, entendido pelo Ocidente como um teste no lançamento de um míssil de longo alcance.

O presidente americano pediu aos países que atuem, pois 'a segurança do mundo depende' disso.

Obama manteve nesta terça-feira uma conversa com o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, primeiro encontro entre os dois. Obama convidou Rajoy a visitar a Casa Branca.

Mas a cúpula acabou sendo notícia por um deslize de Obama. Os microfones captaram uma conversa privada entre ele e o presidente em fim de mandato russo, Dmitri Medvedev.

Nela, o líder americano indicava que teria maior 'flexibilidade' para tratar sobre os desacordos em matéria de defesa antimísseis com a Rússia após sua reeleição.

Suas palavras geraram fortes críticas entre os republicanos, que o acusam de preparar uma política mais branda em direção a Moscou se for reeleito nas presidenciais de novembro.

Obama se viu obrigado nesta terça-feira a emitir novas declarações nas quais garantiu que 'não esconde nada' sobre as negociações entre Washington e Moscou sobre a defesa antimísseis.

De acordo com o presidente americano, como o ano de 2012 é eleitoral nos dois países ninguém deve se surpreender com a dificuldade de alcançar um acordo com rapidez, por isso prefere dedicar o restante do ano para negociações técnicas com a Rússia capazes de abrir caminho para uma solução no futuro.

Um acordo sobre defesa (antimísseis) 'envolve muitos assuntos complicados. Se conseguirmos que nossas equipes técnicas abram caminho pode ser que em 2013 tenhamos uma base par conseguir progressos significativos neste e em outros assuntos', declarou Obama. 

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