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O que Tombini pensa sobre economia

Discurso feito em agosto, em São Paulo, dá pistas sobre as ideias econômicas do presidente do Banco Central no governo Dilma

Tombini: "BC não é conservador, mas sim cauteloso, eficiente e avançado" (DIVULGAÇÃO/Ordem dos Economistas do Brasil)

Tombini: "BC não é conservador, mas sim cauteloso, eficiente e avançado" (DIVULGAÇÃO/Ordem dos Economistas do Brasil)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2010 às 16h04.

São Paulo - Não há muitas declarações públicas sobre economia feitas por Alexandre Tombini - o atual diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central vai assumir a presidência da instituição no governo Dilma (veja perfil de Tombini: economista, colorado e chefe querido).

No mercado, comenta-se que Tombini segue a linha ortodoxa de Henrique Meirelles, mas tem habilidade suficiente para dialogar com os desenvolvimentistas Guido Mantega e Luciano Coutinho. “Dá até para dizer que ele não tem um lado definido, o que é bom”, diz uma fonte.

EXAME.com pinçou trechos do discurso feito por Tombini na cerimônia do “Prêmio Economista do Ano”, evento promovido pela Ordem dos Economistas do Brasil em agosto deste ano. Na ocasião, o diretor do Banco Central, Ph.D em Economia pela Universidade de Illinois e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de Brasília (UnB), recebeu o prêmio na categoria “Economista do Setor Público”.

Embora o texto não traga opiniões específicas sobre questões macroeconômicas, é possível perceber que ele repete declarações de Henrique Meirelles ao destacar a atuação da instituição na crise e ao rechaçar a ideia de que o ambiente regulatório do Banco Central seja conservador.

Inicialmente, Tombini agradece a premiação e divide as glórias com seus colegas de Banco Central, citando nominalmente Henrique Meirelles e o diretor Carlos Hamilton. O discurso ressalta a atuação da instituição durante a crise. “Para um economista de banco central, os desafios da economia, especialmente da economia mundial, têm sido muitos nos últimos anos. No entanto, a atuação eficiente e organizada, com o envolvimento e comprometimento de todos, permitiu que o Banco Central do Brasil agisse no momento adequado e com as respostas certas aos desafios impostos pelo novo cenário mundial, e também pelas demandas internas que se avolumaram como resultado de uma sociedade brasileira que se transformou - para melhor - nos últimos anos.”


O economista diz que uma estrutura básica de pilares tem permitido conciliar estabilidade com crescimento. “Me refiro ao Sistema de Metas para a Inflação, à taxa de câmbio flutuante, à Política de Acumulação de Reservas Internacionais, tudo isso aliado a uma Regulação e supervisão financeiras equilibradas e eficientes, tudo concentrado em uma única Instituição, o Banco Central do Brasil.”

Tombini destaca o controle da inflação e a expansão do crédito que, segundo ele, “tem possibilitado às empresas e aos consumidores alongar seus horizontes de decisão e realizarem suas aquisições a prazos mais dilatados”.

O diretor de Normas afirma que a regulação e a supervisão do sistema financeiro no Brasil foram responsáveis pelo êxito do País na crise. “Se no exterior as normas permitiram a realização de empréstimos com base em créditos de natureza duvidosa, no Brasil, o ambiente regulatório desenvolvido pelo banco central, por vezes dito como sendo excessivamente conservador - mas que eu qualificaria mais como cauteloso, eficiente e avançado -, impôs regras firmes que mantiveram a estabilidade do sistema financeiro nacional.”

Ainda sobre a atuação do Banco Central na crise, ele disse que o “colchão de liquidez” foi utilizado para assegurar a continuidade das operações de crédito e ampliar a disponibilidade de recursos para instituições menores. “Isso sem a utilização de recursos públicos - fato que ocorreu com frequência no exterior em várias jurisdições.”

No pronunciamento, Tombini ressalta os avanços no processo de licenciamento de novas instituições financeiras, garantindo a saúde e a robustez do sistema. Destacou ainda o novo papel desempenhando pelo Brasil nas reuniões do G20 e em outros fóruns internacionais, e disse que ainda há muitos desafios pela frente. “Isso certamente nos estimula na nossa determinação de termos um sistema financeiro cada vez mais exemplar ao mundo mas, sobretudo, um sistema financeiro que sirva a nós brasileiros.”

* Texto atualizado às 15h15 após a confirmação de Alexandre Tombini na presidência do Banco Central em 2011

Leia mais: Tombini tem 46 reuniões do Copom no currículo

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