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O que sabe sobre a influência da mudança climática nos furacões

Esta previsão baseou-se em grande parte na existência do fenômeno meteorológico El Niño, que contém a formação de furacões

Furacões: cientistas têm alertado para o impacto da mudança climática (AFP/AFP Photo)

Furacões: cientistas têm alertado para o impacto da mudança climática (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 31 de agosto de 2023 às 11h35.

Os cientistas têm alertado para o impacto da mudança climática em furacões como Idalia, que se fortaleceu rapidamente no Golfo do México antes de tocar a terra na Flórida na quarta-feira.
Eis o que se sabe sobre os efeitos da crise climática nestes fenômenos naturais:

El Niño e oceanos mais quentes

Em maio, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) antecipou uma temporada de furacões no Atlântico "quase normal".

Esta previsão baseou-se em grande parte na existência do fenômeno meteorológico El Niño, que contém a formação de furacões ao aumentar a circulação vertical do vento, que provoca a descida do ar frio.

A entrada deste ar "seco e menos energético" no coração de um ciclone tropical "impede que ele se fortaleça", disse à AFP Allison Wing, cientista da Universidade Estadual da Flórida.

Mas em agosto, a agência ajustou as suas previsões para cima, anunciando que a temporada seria "acima do normal" com base nas condições oceânicas e atmosféricas.

Explicou que "temperaturas recordes na superfície do Atlântico" provavelmente compensariam os efeitos desfavoráveis do El Niño para os furacões.

"Em termos de previsões sazonais, é um ano complicado porque temos estes dois fatores contraditórios", acrescentou Wing.

Tempestades mais intensas

Em 24 de julho, uma boia no extremo sul da Flórida registrou uma temperatura de 38,4ºC, mais próxima a de uma banheira de hidromassagem do que a de um oceano, um possível recorde mundial.

"A água quente, tanto na superfície do oceano como nas profundezas, atua como um combustível que intensifica as tempestades tropicais e os furacões", disse Michael Mann, climatologista da Universidade da Pensilvânia. "Isso permite que eles fiquem mais fortes mais rapidamente e alcancem maior potência de pico".

Os furacões requerem uma série de condições para se formarem, mas quando isso acontece, o calor dos oceanos permite que gerem ventos mais fortes e marés mais altas.

"Poderíamos dizer que a mudança climática é um jogo de dados", acrescentou Wing. "Cenários muito diferentes ainda são possíveis para cada tempestade, mas a probabilidade de uma tempestade muito intensa é maior".

A mudança climática também pode aumentar a quantidade de chuva que os furacões trazem, segundo Andrew Kruczkiewicz, pesquisador do Instituto de Investigação sobre Clima e Sociedade da Universidade de Columbia. "Quanto mais quente for a atmosfera, maior será a capacidade de absorção de água", o que pode significar mais chuvas, disse o especialista.

As pessoas que fugiram para o interior para escapar de um furacão também poderão enfrentar condições extremas, acrescentou.

As chuvas durante o furacão Ian, em setembro de 2022, aumentaram pelo menos 10% devido à mudança climática, segundo pesquisas recentes.

Temporadas de furacões mais longas

Além da intensidade das tempestades, suas temporadas parecem cada vez mais longas.

Segundo Mann, o período em que as temperaturas da superfície oceânica favorecem a formação de tempestades tropicais começa mais cedo e termina mais tarde. Este parece ser o caso tanto no Atlântico como no Golfo de Bengala, na Ásia.

Muitas pesquisas indicam que a mudança climática torna os furacões mais perigosos, mas o seu efeito sobre sua frequência é mais incerto e são necessários novos estudos para sua compreensão.

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