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O que ficou como herança da Rio+20

Para muitos especialistas e empresários, a Conferência da ONU gerou resultados positivos

EXAME.com (EXAME.com)

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Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 13 de agosto de 2012 às 15h20.

São Paulo – Já se vão quase dois meses desde que o mundo se reuniu no Rio de Janeiro para encontrar respostas à altura dos desafios sociais e ambientais que enfrenta. Depois da poeira baixar, o que ficou de bom (e de decepcionante) da Rio+20?

Para muitos especialistas e empresários, a Conferência da ONU gerou, sim, resultados positivos. “Não há motivos para ceticismo. Tivemos uma multiplicidade de acordos que geraram resultados importantes e que devem ser levados em conta pela sociedade”, afirmou Aron Belinky, do Instituto Vitae Civilis, durante evento do Planeta Sustentável, na sede da Editora Abril, em São Paulo.

Na lista, entra, por exemplo, a agenda da construção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, um conjunto de ações a serem implementadas a partir de 2015, que vão desde a erradicação da pobreza ao aumento da oferta de energia limpa para todos.

Para Fábio Barbosa, presidente da Abril S/A, o grande destaque da Rio+20 foram os consumidores e as empresas. “Não dá pra delegar toda a reponsabilidade dos problemas ambientais ao poder público. O governo não vai agir se sociedade não estiver mobilizada”, disse, ressaltando que a sustentabilidade é uma oportunidade para novos negócios.

A prova de que a sociedade civil e os governos locais têm potencial para avançar no plano de ações concretas vem do Programa Municípios Verdes do Pará, um projeto com metas ambiciosas para redução dos índices de desmatamento na região. Hoje, 91 municípios inscritos no programa seguem os passos que tiraram a cidade de Paragominas da lista negra do desmatamento em 2010.

Uma das áreas de atuação foco foi restringir o acesso ao crédito rural, que passou a exigir a regularidade ambiental das propriedades agrícolas. “Durante a Rio+20 fomos além. O Banco do Brasil assinou um acordo com o Estado para apertar ainda mais o crédito para produtores rurais, ajudando assim o processo de transição da regularidade ambiental”, disse Justiniano Neto, secretário extraordinário para Programa Municípios Verdes do Pará.


Na busca por um curso mais sustentável para mundo, o setor privado também tem um papel importante, segundo destacou Armando Tripodi, gerente executivo de reponsabilidade social da Petrobras e presidente da Rede Brasileira de Pacto Global.

“Durante a Rio+20, em média 200 compromissos de ação individual e coletiva foram lançados junto à ONU, frutos do encontro de empresários do Brasil e do mundo no Fórum de Sustentabilidade Corporativa. “É preciso refletir no investimento o seu verdadeiro custo social e ambiental”, disse Tripodi. “No médio e longo prazo, as empresas dependem de uma política de transparência e responsabilidade sócio ambiental”.

Muito além do PIB

Na visão do economista Eduardo Giannetti, mais do que mobilização social, a solução para o desafio ambiental reside no sistema de preço, que precisa mudar. “O sistema de preço não diz nada sobre o que estamos fazendo com o meio ambiente”, afirmou. Segundo Giannetti, se o PIB chinês incluísse na contabilidade a degradação ambiental de suas atividades econômicas, ele seria bem menor.

Mas de onde virá a revisão de como medimos a riqueza dos países? “Um acordo prático não vai acontecer numa mesa com 180 países. Não dá pra contar só com a boa fé das pessoas. Como economista devo dizer que a solução é mexer no bolso. Teremos que pagar pelas escolhas que fazemos. E isso naturalmente vai levar a uma mudança de cultura, de comportamento”, disse. “Se não incluirmos o custo real de nossas escolhas como consumidores e produtores no preço final, o problema ambiental não se resolverá”, setenciou o economista.

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