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O que esperar de Díaz-Canel, o novo presidente de Cuba

ÀS SETE - Ele não é um "Castro", não participou da revolução cubana e também não é militar: quais serão as suas decisões após assumir o posto de Raúl?

Cuba: o atual presidente Raúl Castro deixa nesta quinta-feira o governo cubano e seu vice assume (Irene Perez/Courtesy of Cubadebate/Reuters)

Cuba: o atual presidente Raúl Castro deixa nesta quinta-feira o governo cubano e seu vice assume (Irene Perez/Courtesy of Cubadebate/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2018 às 07h00.

Última atualização em 19 de abril de 2018 às 12h00.

Pela primeira vez em 59 anos, Cuba terá um presidente sem “Castro” no nome. Raúl Castro, o irmão de Fidel, deixa o governo nesta quinta-feira e Miguel Díaz-Canel assume como novo presidente do Conselho de Estado (cargo que representa o chefe de Estado e de governo do país). Seu nome foi oficialmente indicado ontem pela Assembleia Nacional e hoje deve ser aprovado pelo Legislativo.

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Díaz-Canel, de 57 anos, não só não é um Castro, como também não fez parte da Revolução Cubana, tendo nascido um ano depois do principal evento da história da ilha. Ainda mais: também não é um militar -diferentemente da maior parte da base de Castro.

Mas todos esses fatores não devem significar grandes transformações no regime. Afinal, Díaz-Canel foi escolhido a dedo por Raúl Castro (que o fez Ministro da Educação entre 2009 e 2012 e vice-presidente do Conselho de Estado, em 2013) e ganhou a confiança dos dirigentes revolucionários por manter um discurso linha-dura contra dissidentes e inimigos da Revolução.

“É possível que ele tenha algumas ideias inovadoras, mas para ascender no Partido e na burocracia do governo, ele tem que ser um político muito tradicional”, afirma Jorge Dominguez, professor de Harvard e especialista em América Latina, em entrevista por e-mail a EXAME.

Além disso, Raúl permanecerá em posição para acompanhar o sucessor de perto, como chefe, até 2021, do Partido Comunista e das Forças Armadas.

Segundo Dominguez, Díaz-Canel herdará como desafio a reforma do sistema monetário, que deve acabar com o câmbio duplo no país e ser ainda mais difícil sem a ajuda externa de órgãos internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Na política, o novo presidente pode ter que lidar com uma já anunciada, mas ainda não realizada, mudança na Constituição, que acabaria com a exigência de que a mesma pessoa seja presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros.

“Se essa mudança for feita e aplicada, então Cuba se deslocaria do unipersonalismo (Fidel e Raúl mantiveram ambos os títulos e foram o Primeiro Secretário do Partido, todos simultaneamente) para uma liderança mais coletiva; isso poderia importar”, diz Dominguez.

Díaz-Canel, conhecido por seu perfil discreto e tido como “bom ouvinte”, já afirmou que sua administração será mais interativa e participativa. Ele também pode vir a ampliar o acesso à internet no país. Existem cerca de 391 pontos de wi-fi público (mas não gratuito) espalhados pelo país, segundo a consultoria eMarketer.

Em 2016, apenas 5% das casas possuía internet, segundo a BBC. Em julho do ano passado, durante sessões do parlamento, Díaz-Canel chegou a admitir que Cuba tem uma das piores taxas de acesso à internet do mundo, mas rejeitou a ideia de que o país seria “totalmente desconectado”.

A transição de poder não empolga os cubanos. Não há sinal de cartazes ou propaganda governamental anunciando a eleição e o perfil do novo presidente não gera conversas nas ruas. Para os cubanos, com ou sem Castros, o governo será mais do mesmo.

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