John F Kennedy, presidente dos Estados Unidos: milhares de documentos parte da investigação do seu assassinato foram divulgados (Keystone/Staff/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 27 de outubro de 2017 às 10h53.
Última atualização em 27 de outubro de 2017 às 11h47.
São Paulo – Poucos assuntos se tornaram fontes tão ricas de teorias da conspiração quanto o assassinato do presidente americano John F. Kennedy (JFK) em 22 de novembro de 1963. Agora, milhares de documentos da CIA, agência de inteligência dos EUA, relacionados à investigação sobre a sua morte foram liberados após 50 anos de sigilo.
The long anticipated release of the #JFKFiles will take place tomorrow. So interesting!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 25, 2017
Nascido em 1917, Kennedy era do Partido Democrata e foi eleito em 1960. Morreu em plena luz do dia, aos olhos de milhares de pessoas que acompanhavam a sua carreata no centro de Dallas, Texas. O então presidente estava sentado ao lado de sua esposa, Jacqueline Kennedy, quando foi baleado no pescoço e na cabeça por Lee Harvey Oswald, de 24 anos.
Oswald foi preso e morto dias depois na delegacia de polícia por Jack Ruby, um dono de boate relacionado com organizações criminosas. Anos depois, uma investigação concluiu que o assassino de Kennedy havia agido sozinho e que tanto ele quanto Ruby não eram parte de nenhuma conspiração.
Tal nunca explicou, no entanto, as circunstâncias exatas por trás do crime, tornando o caso um prato cheio para teorias conspiratórias e controvérsias. A polêmica só deve se tornar ainda mais atraente daqui em diante, uma vez que o presidente atual, Donald Trump, havia anteriormente prometido divulgar mais de 3 mil documentos, mas, alegando “ameaças à segurança nacional”, recuou e segurou alguns deles.
Todos os relatórios fazem parte dos chamados “Arquivos de JFK”, uma coleção compilada pelo Arquivo Nacional dos Estados Unidos em 1992 e que conta com mais de 5 milhões de páginas de registros. Desde o fim da década de 90, parte dela está disponível online. Agora, mais um trecho pode ser acessado pelo público no site da entidade.
Veja o que dizem alguns dos documentos publicados nesta semana.
O chefe do FBI, J. Edgar Hoover, contou durante a investigação que a agência recebeu uma ligação de um homem de voz mansa e que dizia ser parte de um comitê que visava assassinar Oswald. Teria, então, pressionado o chefe da polícia de Dallas para que redobrasse a proteção ao atirador que matou JFK, mas os esforços foram em vão.
Uma divisão do FBI estava investigando Oswald depois que fontes da agência que eram ligadas a Cuba mencionaram o seu nome. A agência tentou localizá-lo em outubro de 1963.
Os documentos mostram os planos da CIA de assassinar líderes internacionais, como o cubano Fidel Castro. Segundo um relatório de 1975, a agência enviou um intermediário para que oferecesse 150 mil dólares para que um mafioso contratasse um matador de aluguel que iria para Cuba assassinar Castro. Outro plano envolvia cooperação de mafiosos para que levassem pílulas venenosas para ilha e as colocassem na bebida do líder cubano.
Além de Castro, a CIA teria planos de matar o líder da República Democrática do Congo, Patrice Lumumba, e o então presidente da Indonésia, Sukarno.
Em um relatório de 27 de novembro de 1963, a CIA descreveu as reações de autoridades cubanas à notícia da morte de JFK. De acordo com o documento, um embaixador de Cuba teria reagido com “felicidade”. Mais tarde, essa autoridade e sua equipe teriam recebido um puxão de orelha e pedidos de que “parassem de aparecer felizes em público” e “adotassem posturas sóbrias”.
Um memorando detalhava a reação da União Soviética sobre a morte de JFK. De acordo com as fontes soviéticas ouvidas por um comitê de investigação, oficiais do Partido Comunista acreditavam que o assassinato do presidente americano era parte de uma tentativa de golpe de estado da extrema-direita dos EUA. Negavam, ainda, qualquer relação com Oswald.
De acordo com um dos documentos, Oswald esteve na embaixada da União Soviética nos EUA em setembro de 1963 e teria contato com um agente da KGB, serviço secreto soviético, que era parte de uma unidade especializada em assassinatos e sabotagens.