Enterro do chefe da Igreja Católica deve ocorrer entre quatro e seis dias após a sua morte (LUIS ROBAYO / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de abril de 2025 às 07h52.
Um dos mais populares papas da história da Igreja Católica, Francisco morreu na segunda-feira, 21, aos 88 anos, apenas um dia depois de o Pontífice fazer sua última aparição pública, na qual acenou para os fiéis e, com voz fraca, desejou-lhes "Boa Páscoa" durante a celebração da data na Basílica de São Pedro. O funeral será no próximo sábado.
No mesmo dia, a morte do Papa é verificada e oficializada pelo Camerlengo, o administrador de propriedades da Santa Sé — hoje, o cardeal irlandês Kevin Cardinal Farrell. O procedimento cerimonial envolve chamar o Papa pelo nome de batismo três vezes. Sem resposta, a morte é declarada e oficializada à Igreja e ao público geral.
O corpo de Francisco foi colocado em seu caixão ainda na noite de segunda-feira e as primeiras fotos foram divulgadas. Por diretrizes estabelecidas em 2000 em um guia de 400 páginas chamado "Ritos Funerais do Pontífice de Roma", o enterro do chefe da Igreja Católica deve ocorrer entre quatro e seis dias após a sua morte. Isso ocorre em paralelo às tratativas do conclave — a eleição do sucessor. O Papa deve ser enterrado entre quatro e seis dias após sua morte. O luto oficial da Igreja é de nove dias.
A Assembleia de Cardeais decidirá a data e a hora em que o corpo do papa será levado para a missa exequial na Basílica de São Pedro, em uma procissão liderada pelo Camerlengo e na qual o corpo do papa no caixão começará a ser visto. O corpo será exposto ao público somente no caixão e não mais num pedestal elevado, como foi feito com os antecessores João Paulo II e Bento XVI. A cerimônia, como de praxe, terá a presença de chefes de Estado e de governo.
Entre abril e novembro do ano passado, Francisco atualizou o "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis", o livro litúrgico que regulamenta o procedimentos funerais do Papa. Entre as principais alterações, a verificação da morte não foi mais realizada no quarto do Papa, mas em uma capela privada. Além disso, diferentemente da tradição anterior, o corpo do pontífice foi depositado diretamente em um caixão após a confirmação do óbito, eliminando etapas intermediárias no processo.
Uma das mudanças mais simbólicas diz respeito ao uso dos caixões. Antes, o Papa era sepultado dentro de três caixões sucessivos — um de cipreste, outro de chumbo e um terceiro de carvalho —, reforçando a proteção e a solenidade do ritual. Agora, essa exigência foi eliminada, e o pontífice será enterrado em um único caixão, feito de madeira e zinco, simplificando o procedimento.
O protocolo para a despedida pública do Papa também foi reformulado. O corpo não será mais exposto em um pedestal elevado, mas diretamente no caixão aberto.
— Francisco decidiu destacar a humildade em vez da glorificação — disse Agostino Paravicini Bagliani, um historiador da Igreja, ao New York Times.
No dia da missa exequial, a cerimônia reunirá chefes de Estado e autoridades na Basílica de São Pedro, antes do caixão ser encaminhado para o sepultamento. As mudanças seguem uma linha de simplificação já vista no funeral de Bento XVI, embora sem a obrigatoriedade de seguir o mesmo modelo.
Outra alteração proposta por Francisco, que parte também de uma vontade pessoal, é a flexibilidade do local do sepultamento. Contrariando a tradição que vem desde 1903, ele será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, e não na Basílica de São Pedro. Em entrevista ao site mexicano N+, em 2023, ele explicou que tem forte conexão e devoção pelo local.
Por lá, antes de se tornar Papa, ele rezava em frente à "Salus Populi Romani", ícone (pintura em madeira) que retrata a Virgem Maria com o menino Jesus. A devoção ao local continua até hoje: é onde reza antes e depois de suas viagens.
Entre abril e novembro do ano passado, Francisco atualizou o "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis", o livro litúrgico que regulamenta os procedimentos funerais do Papa. Entre as principais alterações, a verificação da morte não foi mais realizada no quarto do Papa, mas em uma capela privada. Além disso, diferentemente da tradição anterior, o corpo do pontífice foi depositado diretamente em um caixão após a confirmação do óbito, eliminando etapas intermediárias no processo.
A reforma nos procedimentos funerais vieram por iniciativa de Francisco e necessidade após o falecimento de Bento XVI, em 2022, que obrigou a Igreja a realizar o primeiro funeral de um papa emérito em seis séculos. Com essa revisão do ritual, Francisco buscou modernizar e tornar mais acessível a despedida de um pontífice, sem comprometer a dignidade e a solenidade do momento. A edição anterior do livro litúrgico datava de 2000, ainda sob o papado de João Paulo II.