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O que 5 políticos citados nos Panama Papers têm a dizer

O maior vazamento já feito sobre a corrupção no mundo está sacudindo as estruturas em dezenas de países. Veja as reações de alguns dos líderes citados


	Maurício Macri: o presidente da Argentina é um dos líderes internacionais citados pela investigação dos documentos chamados Panama Papers
 (Reuters)

Maurício Macri: o presidente da Argentina é um dos líderes internacionais citados pela investigação dos documentos chamados Panama Papers (Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 4 de abril de 2016 às 16h52.

São Paulo – O maior vazamento já feito sobre a corrupção no mundo está sacudindo as estruturas em dezenas de países nesta segunda-feira. Apelidada de Panama Papers, a investigação trouxe à tona revelações polêmicas sobre como dezenas de personalidades do mundo político, empresarial, esportivo e até artístico mantém seu dinheiro em paraísos fiscais.

Manter uma empresa offshore é muitas vezes uma estratégia para multinacionais, por exemplo, evitarem o pagamento de impostos em seus países. Isso não é uma tática ilegal por si só, mas também pode servir para esconder patrimônio de origem duvidosa. Isso, é claro, sem contar as facilidades que os paraísos fiscais trazem para que criminosos e corruptos consigam manter a discrição em relação aos seus ganhos. 

Panama Papers

A investigação, que foi revelada internacionalmente na tarde de ontem, é conduzida pelo Consórcio International de Jornalistas Investigativos (ICIJ) em parceria o jornal alemão Süddeutsche Zeitung e se iniciou com a denúncia de uma fonte anônima que entrou em contato com os jornalistas alemães há um ano.

As revelações têm como base mais de 11 milhões de documentos legais pertencentes ao acervo de uma empresa chamada Mossack e Fonseca, que está no Panamá e é dedicada à abertura de empresas offshore em todo o mundo.

De acordo com a equipe do Panama Papers, os dados analisados que detalham a relação de mais de 200 mil empresas com até 200 países e territórios e revelam também o envolvimento de ao menos 140 figuras políticas.

EXAME.com compilou o que o que os Panama Papers dizem sobre os envolvimentos de alguns líderes políticos internacionais em exercício e mostra quais foram as suas reações.

Mauricio Macri, presidente da Argentina

O que dizem os Panama Papers: 

A investigação cita Macri como um dos administradores de uma empresa chamada Fleg Trading Inc, que está registrada nas Bahamas, e que contaria ainda com a participação de seu irmão Mariano. Ainda de acordo com os Panama Papers, o presidente do país não teria declarado suas ligações com essa sociedade em suas declarações de bens de 2007 e 2008, quando foi prefeito de Buenos Aires.

O que diz Macri:

Em comunicado oficial, o presidente argentino negou participações nessa firma. À equipe do Panama Papers, seu porta-voz declarou que a Fleg não constava nas declarações de Macri, “pois ele não participava do capital da empresa. ”

Vladimir Putin, presidente da Rússia

O que dizem os Panama Papers:

O presidente russo não é citado diretamente, mas a investigação revelou que amigos próximos de Putin ganharam milhões em negócios que, segundo o jornal britânico The Guardian, dificilmente teriam sido possíveis sem a sua ajuda. A dupla Yuri Kovalchuk e Sergei Roldugin teriam ocultado até 2 bilhões de dólares no exterior.

O que diz Putin:

Para Putin, que se manifestou por intermédio de um porta-voz Dmitri Peskov, as revelações não passam de mera provocação. "Embora Putin não figure de fato, para nós está claro que o alvo principal desta filtragem é nosso presidente, sobretudo perto das eleições parlamentares e das presidenciais em dois anos, e a estabilidade política em nosso país", afirmou ele. 

David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido

O que dizem os Panama Papers:

Segundo a investigação, seu pai Ian (que morreu em 2010) teria usado os serviços da Mossack Fonseca para proteger sua empresa Blairmore Holdings Inc. do fisco britânico. Os fundos dessa firma, diz a equipe dos Panama Papers, teriam sido administrados para que ela não se transformasse em uma empresa britânica e, portanto, sujeita às regras fiscais do país.

O que diz Cameron:

De acordo com agências internacionais, David Cameron se recusou a comentar as informações apuradas pelos Panama Papers pela situação ser “uma questão privada. ”

Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia

O que dizem os Panama Papers:

A investigação revelou que o presidente da Ucrânia se tornou o único acionista em uma offshore chamada Prime Asset Partners Limited, registrada nas Ilhas Virgens, em agosto do ano passado, na mesma época em que as tropas de insurgentes pró-Rússia marchavam ao leste do país e que resultou em um dos mais graves embates dessa guerra e que resultou na morte de mais de mil soldados ucranianos.

O que diz Poroshenko:

Em sua conta oficial no Twitter, Poroshenki disse ser o primeiro político do alto escalão do governo da Ucrânia a levar a sério declarações de bens e pagamentos de impostos. “Ao me tornar presidente, eu não participo da administração dos meus bens e deleguei essa responsabilidade para empresas de consultoria e escritórios de advocacia. ”

À equipe dos Panama Papers, um porta-voz do governo de Poroshenko disse que a criação dessa empresa não tem nada a ver com os eventos políticos e militares no país e que a empresa em questão é parte de uma reestruturação para a venda do grupo Roshen, uma das maiores fabricantes de chocolates do mundo e que foi fundado por ele.

Sigmundur Gunnlaugsson, primeiro-ministro da Islândia

O que dizem os Panama Papers:

Segundo a investigação, Gunnlaugsson e sua esposa seriam donos de uma emrpesa registrada nas Ilhas Virgens Britânicas e que se chama Wintris Inc. Ele teria escondido milhões em investimentos em bancos por meio dessa empresa durante a crise de 2008 que foi devastadora para a economia da Islândia.

Ao entrar no parlamento do país em 2009, Gunnlaugsson não declarou a empresa e, pouco depois, vendeu sua participação por apenas um dólar para sua própria esposa.

O que diz Gunnlaugsson:

O primeiro-ministro, por meio de um porta-voz, negou que tenha infringido alguma lei. Embora esteja sofrendo pressão para que renuncie ao cargo, Gunnlaugsson disse que não irá fazê-lo. 

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