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“O PIB é uma métrica burra e cega”, afirma Eduardo Gianneti

Para economista é preciso encontrar uma nova medida de calcular a riqueza e o desenvolvimento que inclua o cuidado com o meio ambiente e o bem-estar humano

Eduardo Giannetti da Fonseca no Fórum de Empreendedorismo no Forte de Copacabana (Humanindad2012/ Helcio Nagamine)

Eduardo Giannetti da Fonseca no Fórum de Empreendedorismo no Forte de Copacabana (Humanindad2012/ Helcio Nagamine)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de junho de 2012 às 18h18.

Rio de Janeiro – Não é só a preocupação com o meio ambiente que norteia as discussões na Rio+20. A criação de uma métrica para substituir o PIB (Produto Interno Bruto), considerado por muitos especialistas como insuficiente para dar conta da complexidade dos desafios do desenvolvimento sustentável, tem se mostrado um dos assuntos mais quentes da Conferência da ONU.

Em abril, o próprio Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que por não incorporar avaliações dos custos ambientais e sociais econômico, o indicador é insuficiente para medir o grau de desenvolvimento sustentável dos países e que os resultados finais da Rio+20 precisam trazer novos parâmetros de medição.

O economista Eduardo Giannetti é um dos que defendem a necessidade de uma nova medida para calcular a riqueza e o desenvolvimento dos países. “O PIB é uma métrica burra e cega”, afirmou durante debate no Forte de Copacabana neste sábado.

“Temos que nos libertar dessa métrica de contabilizar tudo pelo que transita no sistema de preço. A gente tem que encontrar uma métrica mais inteligente, que inclua um indicador da satisfação humana, do bem-estar, mas não construímos isso aí ainda, é um grande desafio”, defendeu.

Do ponto de vista ambiental, a ONU aprovou na semana passada a criação de um PIB verde capaz de mensurar o patrimônio ambiental de um país, suas florestas, água, fontes energéticas entre outros recursos naturais. E o IBGE já estuda a ideia de incorporar a métrica ambiental ao cálculo do PIB econômico. Mas essa proposta não leva em conta indicadores de satisfação humana, como sugere Giannetti.

Para o economista, a mudança do PIB deve vir acompanhada também de uma reforma no sistema de preços, para que as mercadorias passem a incluir em seu preço final os custos ambientais de sua produção.

Sob esse novo sistema de preços, produtos como carne e carro veriam seus preços escalar, uma vez que são originados de atividades com intensas emissões de gases efeito estufa. De acordo com Giannetti, a nova precificação acabaria por gerar mudanças nos hábitos de consumo da sociedade.

“Quando eu pego um avião para cruzar o Atlântico eu provavelmente estou emitindo mais CO2 do que um indiano do meio rural emite ao longo de um ano. No fundo, a contabilização está errada.Esse impacto tem que ser contabilizado e todo mundo vai ter de pagar”, diz.

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