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Jatos, iates, contas e cavalos: o império do capanga de Hugo Chávez

Detido nos EUA no ano passado, Alejandro Andrade é peça-chave em inquérito internacional que busca do dinheiro desviado na Venezuela.

Hugo Chávez: Investigadores querem saber o que fez um ex-segurança movimentar US$ 1 bilhão dentro do governo de Chávez. (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Hugo Chávez: Investigadores querem saber o que fez um ex-segurança movimentar US$ 1 bilhão dentro do governo de Chávez. (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 14h36.

Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 15h06.

Genebra - Três jatos, 17 contas na Suíça, um iate, 15 carros, 16 cavalos de corrida, 34 relógios de luxo e diversas propriedades. Esses são alguns dos ativos acumulados pelo ex-segurança de Hugo Chávez, Alejandro Andrade, que juntos valem mais de US$ 1 bilhão. Detido nos EUA no ano passado, ele é peça-chave em inquérito internacional que busca do dinheiro desviado na Venezuela.

Na terça-feira, a Justiça dos EUA revelou a existência de um esquema ilegal de câmbio. Para que funcionasse, a corrupção passou por Andrade, catapultado do posto de guarda-costas ao de chefe do Tesouro Nacional, em 2007.

Andrade aceitou colaborar com a Justiça americana. Em levantamento feito pelos procuradores, as descobertas dão uma dimensão do luxo em que vivia um dos principais homens de confiança do chavismo.

Apenas na Suíça, 17 contas diferentes foram encontradas em nove bancos: BSI, EFG International, PKB Private Bank, CA Indosuez, LGT, Credit Suisse, Compagnie Bancaire Helvétique, HSBC e Julius Baer. Os valores, não revelados pelos procuradores, estão bloqueados.

No entanto, foram descritos como "centenas de milhões" de dólares. Um dos bancos, o HSBC de Genebra, era o local onde o magnata Raúl Gorrín depositava subornos.

Em troca, o empresário era autorizado a operar no mercado de câmbio da Venezuela, um sistema criado por Chávez para evitar a fuga de capitais. Entre outras funções, Gorrín era o dono do canal Globovisión. Nesta semana, ele foi indiciado por corrupção nos EUA.

Para ambos, Genebra era o ponto de encontro para a lavagem de dinheiro. Nos documentos, três aviões foram confiscados. Um Dassault Mystère-Falcon 50 EX, avaliado em US$ 3,7 milhões, um Learjet 45 e um Gulfstream Aerospace G-V. Na coleção de carros, três Mercedes-Benz, um Cadillac Escalade, um Porsche Cayenne e um Bentley Continental conversível.

Nos armários, uma coleção de relógios suíços: foram confiscados quatro Rolex, alguns de platina e ouro branco. Uma edição limitada da exclusiva marca Patek Philippe também foi encontrada, além de relógios como o Panerai Luminor Monopulsante, de cerâmica.

Os haras também foram confiscados, além de mansões nos EUA e um total de oito imóveis. Um deles, com piscina e amplo espaço para os cavalos, fica em Sunnyland Lane, na Flórida. Entre os cavalos de corrida, alguns com nomes curiosos: Bon Jovi, U ou simplesmente Cortina.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, investigadores apontam que Andrade é apenas a ponta do iceberg. Eles querem saber se ele agia como laranja para outros chavistas e o que fez um ex-segurança movimentar US$ 1 bilhão dentro do governo de Chávez.

Para os investigadores, os bens descobertos nos EUA e na Suíça desmontam parte da imagem que Caracas tentou passar a seus cidadãos, de que os americanos e seu estilo de vida seriam contrários aos ideais bolivarianos.

"Poucos capitalistas teriam a oportunidade de ter uma vida como a do chefe do Tesouro de um país socialista", disse, na condição de anonimato, um membro da equipe que investiga a corrupção dos dirigentes venezuelanos.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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