Mundo

Os prejuízos das mudanças climáticas para a economia de Minas Gerais

Nos piores cenários, Estado pode acumular perdas de R$ 450 bilhões de reais até 2050 e testemunhar o aumento das desigualdades regionais, aponta estudo

Estudo prevê baixa de até 3% na participação da agropecuária no PIB mineiro até 2050 (CACALO KFOURI)

Estudo prevê baixa de até 3% na participação da agropecuária no PIB mineiro até 2050 (CACALO KFOURI)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 23 de maio de 2012 às 17h33.

São Paulo – As mudanças climáticas reservam surpresas nada agradáveis para a economia mineira, afetando principalmente a produção agrícola e pecuária. É o que revela um estudo inédito realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), divulgado nesta quarta-feira em São Paulo, que avaliou os possíveis efeitos das alterações no clima para Minas Gerais nas próximas quatro décadas.

Nos piores cenários, considerando um aumento de temperatura de 3 a 5 graus Celsius, a economia mineira pode acumular perdas que vão de R$ 155 bilhões a R$ 450 bilhões, o que representaria de 55% a 158% do PIB do Etsado em 2008. O prejuízo será sentido de forma diferente pelos municípios. “As ameaças são maiores para o Norte, que tem as regiões mais pobres”, explica Eduardo Haddad, diretor de pesquisas da Fipe e professor da USP.

Segundo o pesquisador, o estudo tem como objetivo auxiliar o governo na tomada de decisão e implementação de políticas públicas que mitiguem os efeitos dessas mudanças. “Este é o momento de reconhecer que os impactos são reais e nada desprezíveis”, alerta. Confira a seguir algumas previsões feitas pelo o estudo sobre o futuro da economia mineira frente às alterações climáticas.

Regiões mais pobres serão as mais afetadas

O aumento da temperatura e a variação na precipitação serão sentidas com mais intensidade nas regiões mais pobres, sobretudo em áreas rurais do Norte e Noroeste e no Jequitinhonha. As perdas apontadas representam o equivalente a mais de dois anos de crescimento. Segundo os pesquisadores, é como se os efeitos das mudanças climáticas paralisassem o crescimento econômicos por mais de dois anos nessas regiões nas próximas décadas.

Aumento das desigualdades regionais

Ao retirar o bem estar da população rural, as mudanças climáticas ampliam as desigualdades regionais em Minas Gerais e ainda aumentam o fluxo migratória do campo para a cidade. “Com o aumento da dificuldade de absorção de mão-de-obra no interior do estado, haveria uma grande pressão migratória no sentido das cidades médias e da região metropolitana de Belo Horizonte, elevando também a demanda por serviços públicos”, diz o estudo.

Baixa produtividade no campo e menos floresta

A atividade agropecuária é particularmente sensível aos efeitos das mudanças climáticas: a participação da atividade no PIB mineiro pode cair até 3% nas próximas quatro décadas, segundo a pesquisa. Em regiões de clima quente, o aumento das temperaturas também podem acarretar em baixa produtividade do setor agrícola.

Na tentativa de reverter a queda na rentabilidade, muitos proprietários de terra acabariam por abrir novas áreas de plantio e de pasto - este último muitas vezes extensivo e de baixa produtividade -, aumentando assim o desmatamento. No pior cenário, até 2040, as mudanças climáticas levarão a uma expansão da lavoura na ordem de 9,6%, enquanto para o pasto esta expansão pode chegar a 7,1%. A soma das variações de área de ambas atividades representaria uma perda de 30% de floresta no mesmo período.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalClimaMeio ambienteMinas Gerais

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia