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O euro: menos inflação, mais trocas comerciais e pouco crescimento

Especialistas ainda debatem a eficácia da moeda única europeia dez anos após sua criação

Segundo especialistas, a crise revelou a principal lacuna da União Monetária: a falta de governança e de integração (AFP)

Segundo especialistas, a crise revelou a principal lacuna da União Monetária: a falta de governança e de integração (AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2011 às 16h43.

Bruxelas - Em dez anos de existência, o euro melhorou as trocas comerciais entre os países que o adotaram e contribuiu para controlar a inflação. Contudo, devido à falta de coordenação de políticas econômicas, a moeda única não teve os efeitos desejados no crescimento das economias da Eurozona.

Questionado sobre os benefícios da moeda comum nas economias da Eurozona, o economista-chefe do banco alemão Commerzbank, Jorg Kramer, ironizou.

"Vantagens? Sim, deve haver alguma", disse Kramer.

De qualquer forma, a crise atual reflete bastante bem os atributos e defeitos da moeda comum europeia.

Entre outros pontos, a crise revelou a principal lacuna da União Monetária: a falta de governança e de integração econômica.

Segundo os estudos recentes, a moeda comum europeia estimulou as trocas comerciais entre os países que a adotaram, que subiram em cerca de 6% desde sua estreia. "Esse aumento também não é tão significativo para o período em questão", disse a diretora do Centro de Estudos, Perspectivas e Informação Internacional (CEPII) na França, Agnes Benassy-Quere.

Entre os pontos positivos, o euro serviu para controlar a inflação, apesar de os europeus não terem confirmarem os reflexos desse controle na prática.

"Os preços de certas coisas como o pão e o café dispararam no início da moeda comum, dando a falsa impressão de que o euro havia provocado um aumento dos preços", afirma Agnes. "Se considerarmos a estabilidade dos preços, o balanço é extremamente positivo, com uma inflação em torno de 2%", explica a economista francesa.

"Os países do sul da Europa registraram uma magra inflação, sobretudo se a compararmos com anos passados, o que é um avanço importante", diz Jorg Kramer.


Ao mesmo tempo, as taxas de juros foram reduzidas consideravelmente em muitos países, deixando-os alinhados como economias fortes, como a da Alemanha, explica Kramer.

"As taxas de juros reais, calculadas sem levar em conta a inflação, recuaram de maneira mais significativa", disse Jorg Kramer.

Segundo o economista, nos países onde as taxas de inflação foram mantidas um pouco mais elevadas que a média, como a Espanha, as taxas de juros reais ficaram negativas, o que impulsionou o endividamento e o estouro de uma bolha imobiliária.

"As taxas nominais são idênticas, mas as taxas reais variam de um país para outro", disse Agnes.

Outra vantagem do euro, segundo Francesco Giavazzi, foi a contenção das desvalorizações. "A Itália teve que abandonar a ideia de que poderia recuperar artificialmente sua falta de competitividade mediante desvalorizações sucessivas.

"Os Estados e empresas foram forçados a enfrentar sua verdadeira produtividade", afirmou Giavazzi.

Kramer explica, no entanto, que os políticos não respeitaram o espírito dos tratados, ao permitir na Eurozona países como Itália ou Grécia, que não cumpriram com os critérios acordados.

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