Mundo

O etanol de segunda geração está próximo?

Relatório da Bloomberg New Energy Finance indica que o etanol celulósico pode se tornar competitivo em menos de cinco anos; No Brasil, 1ª usina do chamado EG2 chega em 2014


	Custo da enzima para produzir um litro de etanol celulósico caiu 72% entre 2008 e 2012
 (Arquivo)

Custo da enzima para produzir um litro de etanol celulósico caiu 72% entre 2008 e 2012 (Arquivo)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 13 de março de 2013 às 11h51.

São Paulo - O tão aguardado etanol celulósico, também conhecido como etanol de segunda geração (EG2), pode deixar de ser uma perspectiva e se tornar em breve uma tecnologia disponível a preço competitivo.

Um novo estudo feito pela Bloomberg New Energy Finance sugere que o preço do álcool produzido a partir de resíduos agrícolas, como o bagaço, palhas e outros tipos de biomassa, tem chances de se tornar mais competitivo em relação às fontes convencionais de bicombustível já a partir de 2016.

A pesquisa coletou dados e previsões de custos de produção junto a 11 grupos empresariais que estão tomando a frente em pesquisa e desenvolvimento de EG2 no mundo.

Segundo a análise, em 2012, o custo da produção de EG2 foi de US$0,94 (R$ 1,84) por cada litro, cerca de 40% a mais que os US$ 0,67 (R$1,31) gastos na produção da mesma quantidade de etanol de milho, fonte que domina o mercado de biocombustível nos Estados Unidos, competindo diretamente com a gasolina.

Os maiores elementos de custo para os produtores de etanol celulósico, em 2012, foram as despesas com matéria-prima e enzimas. Todas as empresas que estão à frente no desenvolvimento usam uma mesma técnica, chamada de hidrólise enzimática, para quebrar e converter a celulose da matéria residual, e também a etapa de fermentação que dá origem ao etanol.

Em contrapartida, os custos operacionais do processo caíram significativamente desde 2008, devido aos avanços da tecnologia. Para se ter uma ideia, o custo da enzima para produzir um litro de EG2 caiu 72% entre 2008 e 2012.

Indústria em amadurecimento

A melhoria nos custos operacionais das plantas de etanol celulósico promete virar os holofotes diretamente para os custos de capital. “Os desenvolvedores terão de encontrar formas de reduzir o investimento inicial na planta, e reduzir o risco para atrair financiamento mais barato” avalia Harry Boyle, principal analista do setor da Bloomberg New Energy Finance.


“Esperamos ver, portanto, uma mudança de foco ao longo dos próximos cinco a 10 anos, de melhorias tecnológicas para o planejamento logístico, que por sua vez sugere que a indústria está amadurecendo".

De acordo com o estudo, existem 14 projetos-piloto de hidrólise enzimática em curso no mundo; nove empresas em estágio de demonstração, e 10 plantas de escala semi-comercial em implantação ou previstas para breve.

A Bloomberg New Energy Finance define como instalação semi-comercial uma planta com capacidade de produzir 90 milhões litros por ano, o que requer um desembolso inicial de aproximadamente US$ 290 milhões (cerca de R$ 567 milhões). Cinco das instalações semi-comerciais estão localizadas nos EUA.

Devido à economia de escala e redução do preço de instalação das plantas nos próximos anos, a expectativa é que o investimento inicial por litro instalado deverá cair dos atuais US$ 3 para US$ 2 em 2016. Uma mudança com poder de acelerar a revolução do etanol de segunda geração.

EG2 no Brasil

Em um momento em que a expansão da área agrícola para produção de bicombustível está em xeque no Brasil, o etanol celulósico apresenta-se como um uma fonte promissora.

Calcula-se que essa tecnologia pode aumentar em 50% da produção de álcool nacional apenas usando o bagaço da cana-de-açúcar, sem necessidade de expandir a área de plantação.

De olho nesse mercado, o setor sucrooenergético já começa a se mexer. A primeira usina de porte comercial no país está sendo construída em Alagoas, e deve entrar em operação no início de 2014. Responsável pelo projeto, a empresa de biotecnologia GraalBio recebeu em janeiro deste ano um aporte de 600 milhões de reais do BNDESpar.

Outras empresas que também estão acelerando projetos na área são a Raízen, Odebrecht Agroindustrial e Usina São Manoel, que tem parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

Acompanhe tudo sobre:BiocombustíveisBloombergCombustíveisCommoditiesEmpresasEnergiaEtanolPesquisa e desenvolvimento

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia