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O Dia de Ação de Graças nos EUA ameaçado pela maratona de compras

Importância do tradicional feriado é ameaçada pela realização de uma grande promoção de descontos na sexta-feira

A parada do Dia de Ação de Graças em Nova York: ameaça da 'Black Friday' (Timothy A. Clary/AFP/AFP)

A parada do Dia de Ação de Graças em Nova York: ameaça da 'Black Friday' (Timothy A. Clary/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2011 às 13h05.

Washington - Os americanos festejam nesta quinta-feira tradicional o Dia de Ação de Graças, conhecido em inglês como "Thanksgiving", um dos feriados mais importantes do calendário dos Estados Unidos, mas algumas pessoas acreditam que o "Black Friday", o dia de descontos que acontece na sexta-feira seguinte, assumiu proporções desmesuradas neste ano e está tirando o brilho espiritual da festa.

Neste fim de semana de quatro dias aproximadamente 38,2 milhões de americanos vão invadir as estradas e 3,4 milhões os aviões, segundo números da Associação Americana de Automobilistas.

A maioria vai encontrar a família e 88% vão compartilhar do tradicional peru, de acordo com a Federação Nacional do Peru. Cerca de 46 milhões de aves serão devoradas na quinta-feira, menos uma: a de Barack Obama será poupada na véspera, seguindo a tradição dos presidentes americanos.

O dia seguinte, batizado de "Sexta-feira Negra", também se tornou o ponto de encontro de muitos americanos. Ano passado eram 212 milhões, este ano serão 225 milhões de pessoas nas lojas no dia que abre o período das compras de Natal.

No país do enorme consumo, o Black Friday é o dia D para os comerciantes, que preveem lucrar até 22 milhões de dólares em um único dia, segundo a SpendingPulse.

Neste ano, várias redes de distribuição decidiram se antecipar para atrair o máximo de compradores: as lojas vão abrir às 22H00 de quinta-feira, normalmente a hora de abertura é 4H00 da manhã. Alguns, como as redes Sears e Walmart, cometerão o sacrilégio supremo de ficarem abertos durante o dia de Ação de Graças.

"Eles querem atrair quotas de mercados", explica a consultora Cynthia Groves.

Esta novidade não deixou apenas pessoas felizes. Mais de 190.000 pessoas assinaram uma petição lançada por um empregado para protestar contra a decisão de seu empregador, a rede Target, de abrir à meia-noite de quinta-feira. O funcionário defende que é injusto trabalhar no dia de um feriado familiar.

"É um dia de feriado nacional. Não é o dia nacional das compras", afirmou Bryce Allision, um dos descontentes. "Impulsionar as pessoas para comprarem durante a noite é uma ideia bizarra", acrescentou Scotty Brookie.

Para Anahita Cameron, diretora de recursos humanos da Target, a iniciativa é completamente defensável: "Nossos clientes explicaram que preferem comprar logo depois da janta a ter que acordar no meio da noite".

Esta nova tradição americana do século XXI provavelmente faria se revirar no túmulo os Pais Peregrinos britânicos, que, em 1621, celebraram a primeira ação de graças junto aos índios Wampanoags para agradecer a Deus por suas conquistas.

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