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O coronavírus projeta uma sombra na Olimpíada de Tóquio

Primeira morte foi confirmada no país nesta semana e pode impactar evento no qual o governo japonês investiu mais de 26 bilhões de dólares

Estádio Olímpico em Tóquio: preocupação dos japoneses sobre coronavírus cresce após primeira morte confirmada (Issei Kato/Reuters)

Estádio Olímpico em Tóquio: preocupação dos japoneses sobre coronavírus cresce após primeira morte confirmada (Issei Kato/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 06h21.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2020 às 07h01.

A menos de seis meses da abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Japão está na rota do coronavírus como jamais antes. Só nesta semana, a primeira morte por coronavírus foi registrada e o país está tendo de lidar com o cruzeiro de 3.5000 passageiros que já tem 218 casos de coronavírus confirmados. O país começa agora a responder de forma mais incisiva. O governo japonês disse durante a madrugada desta sexta-feira, 14, que vai intensificar os esforços em testes e eventuais quarentenas no país.

O ministro da saúde, Katsunobu Kato, disse que não há evidência de que o coronavírus esteja se espalhando dentro da China, para além da vítima fatal e dos integrantes do cruzeiro Diamond Princess, que está em quarentena no porto japonês de Yokohama.

Na quinta-feira, 13, o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte no país de uma pessoa com coronavírus, uma mulher na faixa de 80 anos que vivia na província de Kanagawa, nas proximidades do Tóquio. Não há registro de viagem recente da idosa ao exterior. Foi o terceiro óbito por coronavírus fora da China continental – antes disso, haviam sido notificadas uma morte em Hong Kong e outra nas Filipinas. Já o caos no Diamond Princess, maior símbolo do temor dos japoneses frente ao coronavírus, começou depois que um cidadão de Hong Kong de 80 anos, que havia desembarcado do navio há alguns dias, está infectado com o vírus.

No início do mês, o presidente do comitê organizador dos Jogos de Tóquio, Toshiro Muto, disse estar “extremamente preocupado” que o coronavírus possa ser uma ducha de água fria capaz de tirar o ímpeto da Olimpíada, programada para ocorrer entre 24 de julho e 9 de agosto. Um dia depois, o primeiro-ministro Shinzo Abe afirmou no Parlamento que não existe, até o momento, nenhum plano para adiar ou cancelar a Olimpíada.

Apesar dos esforços das autoridades japonesas para demonstrar tranquilidade, à medida que o tempo passa e o coronavírus não dá sinais de trégua (são até agora 63.851 pessoas infectadas e 1.380 vítimas, com 5.000 novos casos só nesta sexta-feira), aumenta a sombra de incerteza que paira sobre a Olimpíada de Tóquio.

A Olimpíada de Tóquio deve reunir mais de 11.000 atletas de quase 200 países. Durante o evento, havia a previsão da chegada de 600.000 turistas estrangeiros. O temor de que a concentração de um grande número de pessoas numa área relativamente pequena possa favorecer a propagação de doenças infecciosas, no entanto, cresce a cada dia.

A preocupação dos japoneses não é apenas de ordem sanitária. O país investiu entre 26 bilhões e 28 bilhões de dólares para sediar a Olimpíada de Tóquio, mais que o triplo do valor previsto quando foi escolhido em 2013 para receber os Jogos. A expectativa do governo nipônico era que o evento esportivo ajudasse a impulsionar a economia do país, que entrou num ciclo de estagnação no início dos anos 90 e nele permanece até hoje.

Um estudo divulgado este mês calcula que os Jogos de Tóquio poderiam injetar cerca de 300 bilhões de dólares na economia, sobretudo com o consumo gerado pelos turistas. A meta do governo japonês era atrair um total de 40 milhões de turistas estrangeiros este ano, o dobro do número registrado em 2016. Com o coronavírus, ficou mais difícil alcançar essa meta.

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