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O caso de amor de Mitt Romney com a energia suja

Candidato republicano à presidência americana tem uma política energética claramente pró-combustíveis fósseis, como o carvão e petróleo, e não faz questão de disfarçar


	Romney já declarou que iria dobrar o número de licenças emitidas pelo governo para projetos no setor de óleo e gás
 (Getty Images)

Romney já declarou que iria dobrar o número de licenças emitidas pelo governo para projetos no setor de óleo e gás (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 5 de outubro de 2012 às 22h57.

São Paulo – Noventa bilhões de dólares em energia limpa? A pergunta dirigida em tom de incredulidade por Mitt Romney a Obama durante o primeiro debate presidencial americano, na última quarta, evidenciou o óbvio: a existência de um abismo crônico entre as políticas energéticas defendidas pelo candidato republicano e pelo democrata.

Os US$ 90 bilhões aos quais Romney se refere foi a quantidade de dinheiro investido pelo governo atual em programas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia verde, eficiência energética, sequestro de carbono e uma série de outras iniciativas para limpar a matriz e reduzir as emissões de gases efeito estufa (o país é o segundo maior emissor do mundo, atrás apenas da China). Foram essas medidas, inclusive, que renderam a Obama o título de quarto presidente mais “verde” da história dos Estados Unidos.

Se eleito, o governador de Massachusetts deve seguir uma linha oposta a de seu adversário. Ao longo de toda sua campanha, sempre que o tópico energia vem a tona, Romney é enfático: petróleo, gás e carvão, o quanto tiver e até quando der. Para sustentar essa posição e afastar possíveis críticas, Romney sugere que ao levar a exploração das reservas de combustíveis fósseis ao limite, os Estados Unidos alcançarão a “independência energética”. Argumenta ainda que esse investimento no setor geraria cerca de quatro milhões de empregos, quantidade nada desprezível para um país que enfrenta uma taxa de desemprego de 8,1%, cerca de 12 milhões de pessoas.

Romney já declarou que iria dobrar o número de licenças emitidas pelo governo para projetos no setor de óleo e gás. Recursos naturais não faltam. Os Estados Unidos são donos da quinta maior reserva de gás natural do mundo, somando 8,5 trilhões de m³. Em petróleo, a participação do país é mais modesta, ocupando o décimo primeiro lugar, com reservas provadas de 30,9 bilhões de barris, o dobro do que o Brasil possui.

É no carvão, no entanto, que o país encontra mais vantagens e sua principal dependência: a terra do Tio Sam é o segundo maior produtor mundial de carvão mineral e o que mais consome dessa fonte - mais de 90% da produção por lá é utilizada para geração de eletricidade, que abastece quase metade do país.

A lógica do candidato Republicano na defesa dessa causa é muito simples: já que o carvão é a fonte mais barata e tambám mais ambudante por que não explorá-la em benefício do país e da economia? Para engrossar o coro, o presidenciável conta com o apoio da própria indústria, que se mostra sempre cética em relação ao aquecimento global, a despeito de todas as evidências científicas que provam o contrário.

Não é de se estranhar, portanto, que Romney zombe das intenções “verdes” de Obama. Embora não negue as alterações no clima, Romney já deixou clarou o que pensa sobre o tema, quando em outubro do ano passado declarou: “Não sabemos o que está causando as mudanças climáticas no planeta e a ideia de gastar trilhões e trilhões de dólares para tentar reduzir as emissões de CO2 não é o caminho certo para os EUA”.

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