Mundo

O bloqueio do governo americano em 5 perguntas

Professor da American University, Griffin analisa a atual paralisação parcial - ou "shutdown" - do governo do presidente Donald Trump

Trump: bloqueio ocorre devido à falta de acordo no Congresso sobre a inclusão de fundos para construir um muro na fronteira do México (Danny Wild-USA TODAY/Reuters)

Trump: bloqueio ocorre devido à falta de acordo no Congresso sobre a inclusão de fundos para construir um muro na fronteira do México (Danny Wild-USA TODAY/Reuters)

A

AFP

Publicado em 29 de dezembro de 2018 às 16h33.

Patrick Griffin trabalhou na Casa Branca durante a presidência do democrata Bill Clinton e participou das negociações com os republicanos durante o bloqueio do governo em 1995, que durou 21 dias e foi o mais extenso da história recente dos Estados Unidos.

Naquela ocasião, a paralisação do governo federal foi total e começou em 15 de dezembro, também por uma disputa orçamentária.

Hoje professor da American University, Griffin analisa a atual paralisação parcial - ou "shutdown" - do governo do presidente Donald Trump, que começou em 22 de dezembro devido à falta de acordo no Congresso sobre a inclusão no orçamento de fundos para construir um muro na fronteira com o México, que o chefe de Estado exige para frear a imigração ilegal.

- As negociações parecem estagnadas. Quando haverá um movimento? -

"Isso será uma espécie de 'quem pisca primeiro'. Quando o fizemos nos anos 1990, achávamos que tínhamos razões melhores do que eles, e acabou que conseguimos. E eles não só piscaram, como nós conseguimos praticamente tudo o que queríamos. E eles também acabaram afetados por isso", declarou Griffin.

"Alguém irá piscar. E não em um futuro muito distante", acrescentou.

- Avaliação da estratégia democrata -

"O real é que agora, em meio às férias de fim de ano, ninguém presta muita atenção. Mas quando a batalha chegar ao público em geral, acho que as mensagens do lado democrata serão mais agressivas", assinalou Griffin.

"A minha suposição é que Trump está ganhando em suas bases eleitorais, mas não acho que esteja ganhando no público em geral. Mas isso pode mudar. E quando os democratas tomarem o controle (da Câmara de Representantes em janeiro), a disputa tomará um aspecto diferente".

- Quais são as possíveis soluções? -

"Não sei aonde pode estar o acordo. Não sei se está em alguns dólares a mais, ou se Trump será muito criativo. Ele tem potencial (para ser isso). Acho que os democratas dariam a ele algum dinheiro se fizesse alguma coisa pelo Daca (um programa de proteção para migrantes chegados quando criança aos Estados Unidos e que Trump quer derrubar), mas isso cairia mal em sua base política", considerou.

- Como foi o bloqueio de 1995? -

"Algo muito duro. Alguém toma a decisão e existem muitos pontos a serem considerados para tomá-la. Faz-se uma análise muito cuidadosa do que será feito e do que eles farão, e vão tão longe quanto puderem", opinou sobre as considerações feitas pelo lado do governo para não ceder antes de chegar ao "shutdown".

"Não querem que o presidente seja deixado à própria sorte, enfraquecido. E o presidente Clinton estava um pouco inclinado a isso, mas ele pôde ser orientado e, consequentemente, nossa disciplina e mensagem prevaleceram... Agora, com Trump, nunca se sabe o que pode acontecer. E tampouco se sabe a quem ele vai escutar".

- Os bloqueios devem ser derrubados? -

"É uma tensão constitucional entre o Congresso e o Poder Executivo. O Executivo propõe e o Congresso dispõe, de forma que eles tenham o poder do Tesouro. E isso é algo que mantém os pesos e contrapesos do poder em seus devidos lugares. Embora pareça confuso, embora pareça uma questão de quem vai ganhar ou perder, é uma importante tensão histórica que não devemos descartar", concluiu Griffin.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Orçamento federal

Mais de Mundo

Reino Unido pede a seus cidadãos que deixem o Líbano em voos comerciais

Qual o risco de guerra entre Líbano e Israel após as explosões de pagers?

Guarda Revolucionária do Irã promete 'resposta esmagadora' por ataques no Líbano

Biden receberá Zelensky na Casa Branca para falar sobre guerra com a Rússia