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Número de mortos em acidente aéreo em Taiwan sobe para 40

Outros cinco corpos foram localizados neste sábado


	Avião que caiu em Taiwan é levantado durante buscas: os corpos estão entre 500 metros e um quilômetro de distância do lugar onde o avião caiu
 (REUTERS/Pichi Chuang)

Avião que caiu em Taiwan é levantado durante buscas: os corpos estão entre 500 metros e um quilômetro de distância do lugar onde o avião caiu (REUTERS/Pichi Chuang)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2015 às 13h38.

Taipé - Subiu para 40 o número de mortos no acidente de um avião da companhia aérea taiuanesa TransAsia após a localização, neste sábado, de outros cinco corpos, enquanto as autoridades e especialistas em aviação passaram a acreditar que os pilotos podem ter desligado por engano o único motor da aeronave que funcionava.

As equipes de resgate encontraram quatro corpos durante o dia e mais um à noite nas águas do rio Jilong, onde caiu o avião, e por isso agora restam três desaparecidos, segundo as autoridades.

Os trabalhos de mergulhadores e bombeiros são muito complicados pois as águas estão turvas e a visibilidade é ruim, por isso são obrigados a buscar restos mortais pelo tato. Os corpos estão entre 500 metros e um quilômetro de distância do lugar onde o avião caiu.

As autoridades de Taiwan anunciaram que na próxima terça-feira haverá uma cerimônia em homenagem às vítimas.

O acidente do avião ATR72-600 tem várias dúvidas que os dados das caixas-pretas ainda não conseguiram esclarecer, já que, após o motor número 2 falhar, os pilotos não o desligaram, mas sim o de número 1 e, ao invés de seguir a rota rumo ao sul e depois para oeste, se dirigiram em direção ao rio Jilong.

Especialistas locais apontaram que, em uma situação de falha mecânica como a ocorrida, o piloto não podia fazer muito, e pedem um maior controle das revisões das aeronaves e mais medidas de segurança.

"A mudança de rumo ocorreu, provavelmente, porque os pilotos não queriam sobrevoar a região mais povoada de Taipé para evitar causar mais mortes e devastação", explicou hoje à Agência Efe o especialista em aeronáutica Eddie Yu.

No entanto, ninguém explica por enquanto por que os pilotos desligaram o motor número 1, já que este modelo pode voar e inclusive decolar com apenas um motor, como confirmou um representante do Escritório de Investigação e Análise Aeronáutica da França, Yann Torres, em Taipé.

Em entrevista coletiva ontem à tarde, o diretor-executivo do Conselho de Segurança Aeronáutica, Thomas Wang Xingzhong, explicou com detalhes como o motor número 2 falhou aos 37 segundos de voo, quando o avião estava a 457 metros de altitude.

O quadro de comandos do avião deveria informar com clareza aos pilotos que o motor que não funcionava era o de número 2, mas eles não o desligaram e falaram em desligar o 1, que não tinha mostrado problemas.

Após essa breve conversa, o motor número 1 foi desligado quando o avião voava a 488 metros de altitude, e acredita-se que os pilotos o tenham feito.

Pouco antes de cair, os pilotos tentaram acionar o motor número 1, mas não tiveram tempo e, após voarem 67 segundos sem nenhum dos dois motores, o avião caiu no rio com 58 pessoas a bordo.

"É estranho que os pilotos não tenham desligado totalmente o motor número 2, mas talvez o quadro de comandos tenha falhado, ou, como sabiam que o motor número 1 tinha tido problemas antes, já que tinha sido trocado duas vezes, se confundiram", apontou Yu.

Segundo outra teoria, os pilotos tentaram evitar o chamado "impulso assimétrico", que ocorre quando um dos dois motores não funciona e é como se, em um automóvel, as rodas de um lado fossem bloqueadas.

"Com os dois motores apagados, o avião plana e seria mais fácil dirigi-lo e equilibrá-lo, mas assim é impossível voltar ao aeroporto para aterrissar", acrescentou o especialista.

Yu pensa que talvez os pilotos tivessem em mente o caso de um avião em Nova York que conseguiu aterrissar no rio Hudson e salvar assim todos os seus passageiros, mas o diretor-executivo do Conselho de Segurança Aérea, Thomas Wang, afirmou que "são necessários mais dados e investigação".

Enquanto isso, a Administração de Aviação Civil de Taiwan ordenou um novo período de formação de todos os pilotos de aviões ATR, com um exame que eles deverão realizar no prazo de quatro dias, e se não passarem perderão a permissão de voo.

No entanto, um saldo de dois acidentes fatais em sete meses e quatro desde 1995, todos com aviões ATR, despertaram muitas dúvidas sobre a companhia aérea TransAsia, suas medidas de segurança e a formação de seus pilotos neste tipo de aeronave.

Além disso, hoje foi informado que os ATR da TransAsia sofreram cinco falhas de motor nos últimos anos, segundo o funcionário da Administração de Aviação Civil (AAC) Lin Chun-liang.

Em julho do ano passado, um voo da TransAsia entre Kaohsiung e as ilhas Pescadores caiu após uma aterrissagem fracassada e durante um tufão, o que causou a morte de 48 das 58 pessoas a bordo.

Após esse acidente, a Administração da Aviação Civil de Taiwan ordenou uma investigação minuciosa da gestão da TransAsia em termos de segurança e manutenção de aeronaves, e até o momento a empresa ainda não completou um terço das melhorias exigidas, detalhou Lin. 

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