Mundo

Número de imigrantes que cruzam Mediterrâneo cresce 83%

Nos primeiros seis meses do ano, 137 mil refugiados e imigrantes cruzaram o Mar Mediterrâneo, comparados com os 75 mil do mesmo período do ano passado


	Um grupo de imigrantes chegam na Itália: nos três primeiros meses deste ano, 479 imigrantes e refugiados morreram, segundo os registros elaborados pela Acnur
 (REUTERS/Antonio Parrinello)

Um grupo de imigrantes chegam na Itália: nos três primeiros meses deste ano, 479 imigrantes e refugiados morreram, segundo os registros elaborados pela Acnur (REUTERS/Antonio Parrinello)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2015 às 08h02.

Genebra - O número de imigrantes que atravessaram o Mar Mediterrâneo e chegaram a Grécia, Itália, Malta e Espanha aumentou 83% entre janeiro e junho deste ano, revelou nesta quarta-feira a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em uma avaliação semestral.

Nos primeiros seis meses do ano, 137 mil refugiados e imigrantes cruzaram o Mar Mediterrâneo, comparados com os 75 mil que o fizeram no mesmo período do ano passado.

O fato de que, historicamente, as tentativas de se chegar por mar à União Europeia sejam maiores na segunda metade de cada ano, particularmente durante os meses de verão, faz com que a Acnur preveja um aumento ainda maior no número de pessoas que tentarão atravessar o Mediterrâneo.

A modo de comparação, a Acnur indicou que em 2014 o número na segunda metade do ano dobrou em relação à primeira.

A fatalidade marcou ainda mais a travessia que os imigrantes tentam concluir e o número de mortes alcançou um recorde em abril, com 1.308 pessoas que se afogaram ou desapareceram.

Em maio e junho, as mortes caíram para 68 e 12, respectivamente.

Nos três primeiros meses deste ano, 479 imigrantes e refugiados morreram, segundo os registros elaborados pela Acnur.

Segundo esta organização, a grande maioria dos que se lançam ao Mediterrâneo fogem de guerras e perseguição, o que faz deles refugiados com direito à proteção internacional.

A maioria de homens, mulheres e crianças que chegaram a Itália e Grécia eram sírios, que, de maneira geral, estão qualificados para receber o status de refugiados pela guerra civil que acontece há mais de quatro anos em seu país e pelo controle por parte do grupo terrorista Estado Islâmico de uma parte de seu território.

A segunda nacionalidade mais numerosa é a afegã e a terceira a eritreia, que também são qualificados como refugiados.

"Enquanto a Europa discute a melhor maneira de enfrentar a crise do Mediterrâneo, devemos ser claros: a maioria das pessoas que chega por mar à Europa são refugiados que buscam proteção", disse, ao comentar o relatório, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres.

Segundo o responsável, a diminuição do número de pessoas afogadas nos dois últimos meses seria um claro indício de que as políticas que estão sendo adotadas na Europa sobre este tema são corretas, mas indicou que "ainda é possível salvar mais vidas".

O relatório também confirma que a rota do leste do Mediterrâneo, entre Turquia e as ilhas gregas, ganhou mais importância do que a do centro do Mediterrâneo, já que a primeira é a mais utilizada pelos sírios.

No entanto, na Grécia a infraestrutura de recepção é limitada e oferece menos de 2 mil lugares aos solicitantes de asilo.

Muitos refugiados decidem continuar sua viagem através de Macedônia e Sérvia até a Hungria.

Estima-se que nestes dias mil pessoas entraram na Macedônia, vindos da Grécia, em comparação com as 200 de algumas semanas atrás.

"A Europa tem uma clara responsabilidade de ajudar aos que buscam proteção de conflitos e perseguição. Negar essa responsabilidade é ameaçar os pilares do sistema humanitário da Europa", opinou Guterres.

Por isso, acrescentou o diretor da Acnur, cada país deve "ajudar e assumir sua responsabilidade nesta crise de refugiados". EFE

Acompanhe tudo sobre:EuropaImigraçãoItáliaPaíses ricosPiigsUnião Europeia

Mais de Mundo

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido

Eleições na Romênia agitam país-chave para a Otan e a Ucrânia

Irã e Hezbollah: mísseis clonados alteram a dinâmica de poder regional