Integrantes do EIIL no Iraque: minorias se agrupam para segurança, risco para diversidade (AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2014 às 19h28.
Bagdá - A violência no Iraque durante a ofensiva lançada por insurgentes sunitas obrigou cerca de 600.000 pessoas a fugir de suas casas e ameaça a "diversidade" da sociedade iraquiana, advertiu nesta quarta-feira o chefe do Acnur.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Antonio Guterres, disse a repórteres em Bagdá que esse deslocamento populacional é alarmante, pois pode levar a uma "homogeneização dos territórios", com as comunidades "xiitas e sunitas vivendo separadamente".
Em 9 de junho, uma coalizão de insurgentes sunitas liderada pelo grupo ultrarradical Estado Islâmico lançou uma ofensiva relâmpago durante a qual tomaram grandes áreas no norte, centro e oeste do país.
Populações xiitas fugiram em massa dos territórios conquistados pelos insurgentes e agora temem nunca mais poder retornar à sua cidade ou aldeia de origem.
Ao mesmo tempo, muitos sunitas que vivem em áreas mistas se agruparam por medo das milícias que apoiam o governo dominado pelos xiitas.
Este processo leva à formação de bairros e cidades etnicamente homogêneos, o que já vinha acontecendo há vários anos, mas que ganhou uma escala maior com o início da ofensiva.
Para Guterres, esta tendência também deve colocar as minorias iraquianas - cristãs, turcomanas, yazidis e chabaks - em uma situação difícil.
"A preservação da diversidade é uma ferramenta extremamente importante para a paz, para o futuro e para a reconstrução do país", ressaltou.
De acordo com a ONU, 600 mil pessoas foram deslocadas desde a tomada de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, pelos insurgentes.
Cerca de 500.000 pessoas já haviam fugido da violência que assola desde janeiro a província de Al-Anbar.
O número de desalojados chega a 2 milhões de pessoas no Iraque, incluindo um milhão que já haviam deixado suas casas durante as fases anteriores de violência.