Mundo

Novos tremores atingem o nordeste da Itália

Em 10 dias, a região foi abalada por dois terremotos que deixaram 23 mortos e obrigaram muitas pessoas a morar em acampamentos improvisados

O terremoto de terça-feira deixou 17 mortos e 350 feridos
 (Pierre Teyssot/AFP)

O terremoto de terça-feira deixou 17 mortos e 350 feridos (Pierre Teyssot/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2012 às 14h05.

Crevalcore - Cerca de 50 tremores secundários foram sentidas na noite de terça para quarta-feira na região de Emilia Romagna, no nordeste da Itália, onde um terremoto, o segundo em menos de 10 dias, deixou pelo menos 17 mortos e 14.000 desabrigados e desalojados.

O "maio negro" que a Itália viveu deixou no total 23 mortos, se forem somados os seis do primeiro sismo ocorrido no dia 20 de maio, além de 350 feridos e 14.000 pessoas fora de suas residências. Milhares de desalojados vivem um pesadelo depois de terem voltado para suas casas devido às contínuas réplicas.

O Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) prevê mais fortes tremores e não descarta novos terremotos como o de terça-feira na região, o que alimenta o medo.

Ao meio-dia desta quarta-feira, os bombeiros recuperaram em Medolla o corpo de um operário preso sob os escombros de uma fábrica, a vítima número 17.

A maioria das vítimas é de operários que retornavam para trabalhar nas fábricas após a pausa causada pelo primeiro tremor.

Onze trabalhadores perderam a vida no desabamento dos locais em que trabalhavam, o que suscitou polêmicas sobre a ausência de normas mais severas para a construção de galpões industriais.

Os promotores de Modena anunciaram a abertura de uma investigação judicial pelo desabamento de várias fábricas nessa região, eixo central das pequenas e médias empresas italianas.

"A política nacional para a construção de imóveis industriais foi suicida", denunciou o promotor de Modena, Vito Zincani.


Tremores secundários continuaram sacudindo nesta quarta-feira a província de Modena, capital mundial do vinagre balsâmico.

Segundo os geólogos, na planície Padana o solo é mole, quase líquido, o que faz que a terra possa oscilar durante muito tempo.

O terremoto de terça-feira obrigou cerca de 8.000 pessoas a deixarem suas casas, somando-se às 6.000 que tinham deixado suas residências após o primeiro sismo.

A situação de cidades como Mirandola, Medolla, Cavezzo, Crevalcore e San Felice sul Panaro é impressionante. É possível ver casas desabadas, ruas destruídas, partes de prédios antigos espalhadas e igrejas decapitadas.

O terremoto danificou o patrimônio cultural de cidades históricas, como Mirandola, onde nasceu o célebre pensador italiano do século XV Giovanni Pico della Mirandola.

O governo decidiu aumentar em dois centavos de euro os impostos sobre a gasolina na Itália para fazer frente aos gastos de reconstrução da região de Emilia-Romagna.

Além da desolação que reina na região, as autoridades prestam assistência aos desabrigados, e para isso montaram acampamentos provisórios em campos esportivos, jardins públicos e praças, já que os instalados pela Defesa Civil não são suficientes.

Equipes de psicólogos ajudam as pessoas a enfrentar a angústia, a tristeza e o desamparo por não poderem retornar as suas casas.


Grupos de desabrigados foram acomodados em camas dentro de vagões de trem em Crevalcore.

"Nós nos sentimos mais tranquilos nos vagões", disse à AFP Hussein Mzhar, do Paquistão, que dorme com os filhos e os irmãos.

"Não sei por quanto tempo ficaremos nos trens", disse.

Alguns desalojados preferem dormir em seus carros e vigiar as próprias casas, temendo que sejam roubadas.

Em Bolonha, capital de Emilia-Romagna e uma das cidades mais prósperas da Itália, as escolas e universidades permaneceram fechadas durante a quarta-feira para facilitar as inspeções dos prédios.

As autoridades locais e nacionais deram prioridade à recuperação do tecido econômico da região, coração da indústria biomédica e da produção de alimentos de alta qualidade, como o queijo parmesão e o vinagre balsâmico.

Os danos no setor agroalimentar alcançam os 500 milhões de euros, segundo a associação de agricultores Coldiretti.

Frente à gravidade, os três maiores sindicatos do país cancelaram a manifestação nacional organizada para sábado contra as medidas de austeridade do governo.

*Matéria atualizada às 14h05

Acompanhe tudo sobre:Desastres naturaisEuropaItáliaPaíses ricosPiigsTerremotos

Mais de Mundo

Austrália proíbe acesso de menores de 16 anos às redes sociais

Putin ameaça usar míssil balístico de capacidade nuclear para bombardear Ucrânia

Governo espanhol avisa que aplicará mandado de prisão se Netanyahu visitar o país

Os países com as maiores reservas de urânio do mundo