(Qilai Shen/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 13h38.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 14h57.
O Ministério de Agricultura da China acredita que, até meados do ano, o país terá recuperado completamente o número de suínos após o impacto da peste suína africana. Novos surtos do vírus e outras doenças letais de suínos ameaçam essa projeção.
O ressurgimento de casos de peste suína nas províncias mais frias do norte levou criadores a abaterem mais porcas reprodutoras antes do Ano Novo Lunar, disse Lin Guofa, analista sênior da consultoria Bric Agriculture. A carne suína é a favorita na China, e o consumo tipicamente dá um salto durante o período festivo.
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Outros vírus, como da febre aftosa e da diarreia epidêmica suína, também contribuíram para os surtos agravados por um inverno mais rigoroso do que o normal, disse Lin. “A recuperação dos plantéis de suínos em algumas regiões pode ser atrasada, especialmente em Shandong e partes de Henan e Hebei”, disse.
Com isso, até 15% do plantel nacional de suínos pode ter sido perdido devido a doenças durante o inverno (verão no Brasil), e a total reabilitação para os níveis antes da peste suína africana é mais provável no segundo semestre de 2022, disse Wang Zhong, consultor-chefe da Systematic, Strategic & Soft Consulting. Foram identificadas novas variantes da peste suína que se mostraram mais difíceis de detectar e de controlar, disse.
Estabilizar a população de suínos e reduzir a volatilidade do mercado têm sido prioridade para autoridades desde 2018, quando a peste suína atingiu o plantel de suínos da China, o maior do mundo. Não há vacina oficialmente aprovada, e a epidemia fez com que o número de suínos caísse quase pela metade, o que levou ao aumento das importações e dos preços da carne de porco.
Os mercados agrícolas globais se tornaram ainda mais voláteis nos últimos meses com a iniciativa do governo de conseguir uma rápida recuperação dos números, o que causou uma enorme escassez de grãos para ração e esvaziou silos em lugares distantes como a América do Norte.
O número de suínos da China correspondia a 90% dos níveis normais até o final de novembro, de acordo com o Ministério da Agricultura. O ministério não respondeu a um fax com pedido de comentários sobre as últimas previsões.
Esforços para acelerar a liberação de carne importada retida em portos e câmaras frigoríficas, cujo volume é estimado em cerca de 1 milhão de toneladas, devem ajudar a segurar os preços da carne suína, disse Lin, da Bric Agriculture. Na segunda-feira, os futuros do suíno vivo na Bolsa de Dalian fecharam na maior cotação desde que o contrato estreou no mês passado.