Um dos principais centros do comércio de animais de espécies ameaçadas de extinção fica no popular mercado de Chatuchak, em Bangcoc (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2013 às 06h25.
Bangcoc - Os zoológicos particulares dos novos ricos do Sudeste Asiático, com suas mansões repletas de animais exóticos, são um capricho que dão glamour e estimulam o tráfico ilegal destas espécies.
Um dos principais centros do comércio de animais de espécies ameaçadas de extinção em nível mundial fica no popular mercado de Chatuchak, em Bangcoc, e é visitado durante os finais de semana por milhares de tailandeses e estrangeiros.
"Há alguns anos, o contrabando de animais era dirigido para clientes da Europa e do Oriente Médio. No entanto, cada vez mais os tailandeses e outros asiáticos compram espécies protegidas", afirmou à Agência Efe Jirayu Chardcharoen, agente do Departamento de Proteção de Parques Naturais, Vida Selvagem e Conservação.
Durante um passeio pelo mercado é possível encontrar, sem dificuldades, quase todos os tipos de aves e répteis, "os animais protegidos que são os mais comercializados por causa de sua facilidade no transporte", segundo comenta o funcionário.
No entanto, também é possível ver mamíferos em pequenas jaulas, como o suricato - animal que procede do sul da África e ficou famoso por ser um dos protagonistas do filme "O Rei Leão", com nome de Timão, além dos macacos das selvas asiáticas, alguns ursos e pangolins.
Este incessante comércio ilegal é, segundo as autoridades, muito difícil de frear por conta das leves penas que a lei tailandesa contempla para as pessoas que possuem ou traficam animais exóticos ou em perigo de extinção.
"O governo deveria endurecer a legislação contra aquelas pessoas que comercializam animais de maneira ilegal ou possuam espécies protegidas sem as permissões necessárias", diz o oficial.
Segundo este agente, a Polícia vai quase todas as semanas a este mercado do norte da capital e frequentemente apreende dezenas de animais protegidos, embora poucas vezes efetue detenções.
"Limitamo-nos a impor multas aos donos dos postos nos quais são vendidos animais sem documentação e esses animais ficam em um centro de cuidado até poderem voltar à liberdade", disse um dos agentes desta brigada de proteção animal.
Em março de 2012, a polícia tailandesa apreendeu mais de 200 animais, incluindo cangurus, tigres, leões albinos e orangotangos, durante uma batida realizada em uma mansão na província de Saraburi, situada na região central da Tailândia.
O dono da mansão, Yutthasak Sutthinon, e outras duas pessoas foram detidas e depois libertadas após serem acusadas de estar em posse de animais protegidos sem permissões, um delito para o qual a lei estabelece uma pena máxima de quatro anos de prisão.
"Alguns milionários utilizam suas mansões como zoológicos para impressionar seus clientes na hora de fazer negócios", aponta o oficial tailandês.
A Tailândia, em particular Bangcoc, é em nível mundial um dos maiores centros de tráfico de animais em risco de extinção, em parte pela admitida corrupção e por sua situação geográfica, vizinha de Laos, Mianmar e Camboja, países de onde provêm grande parte destas espécies.
No início de dezembro do ano passado, duas operações policiais no aeroporto internacional de Bangcoc acabaram com a detenção de dois traficantes de animais que pretendiam tirar do país cerca de 340 tartarugas e 65 répteis protegidos.
A cada ano, são realizadas no aeroporto da capital uma média de 50 apreensões de animais vivos e mortos escondidos em bagagens particulares ou entre cargas.
Segundo o último relatório do Fundo Mundial para a Natureza, o tráfico ilegal de animais movimenta no mundo todo US$ 19 bilhões, quantidade que o transforma no quarto comércio ilegal que mais gera dinheiro depois do narcotráfico, falsificação e tráfico de pessoas.