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Novos planos de ajuste na Europa disparam temores sobre reativação

Especialistas acreditam que anúncios de cortes orçamentários podem não terem sido suficientes

Protesto contra planos de austeridade em Bruxelas, na Bélgica (Georges Gobet/AFP)

Protesto contra planos de austeridade em Bruxelas, na Bélgica (Georges Gobet/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Paris - Os planos de ajuste orçamentário voltaram ao centro do cenário, esta semana, na Europa, reativando os temores de que o rigor obstaculize a reativação da economia e o emprego.

Irlanda, Portugal, Espanha e França anunciaram medidas mais ou menos draconianas para reduzir seus déficits públicos, que se agigantaram com a crise.

Os anúncios de novos planos de "consolidação" orçamentária "são os últimos de uma série de iniciativas governamentais, este ano, para garantir os mercados", constatam os analistas do banco Goldman Sachs, que saúdam estas medidas de austeridade.

Mas estes especialistas também advertem que "em função da evolução da situação econômica será necessário fazer ainda mais" para controlar a dívida.

A perspectiva é delicada para os governos europeus, que enfrentam um crescente mal-estar social.

Após as manifestações da quarta-feira na Espanha contra os cortes de gastos do Estado, e antes de uma nova mobilização, este sábado, na França contra as reformas das aposentadorias, o principal sindicato português convocou esta sexta-feira uma greve geral para 24 de novembro.


A Organização Internacional do Trabalho (OIT) deu argumentos, esta quinta-feira, àqueles que protestam, ao destacar em um relatório que os programas de austeridade que começaram a substituir, nos últimos meses, os planos de reativação lançados contra a recessão estavam levando a uma "deterioração na frente do emprego".

O resultado é que "a reativação do emprego que se esperava para 2013 deveria ser realizada em 2015", disse o BIT, que detectou casos de conflitos sociais em pelo menos 25 países e teme que esta crise se amplie.

O rigor poderia deter a reativação da economia, especialmente na Europa, onde certos países têm que fazer um esforço mais que o importante para sanear suas finanças, começando pela Irlanda e seu alucinante déficit de 32% do Produto Interno Bruto (PIB).

A situação se dá em um momento em que a extinção das medidas de reativação nos Estados Unidos provocará uma forte desaceleração do consumo nos lares americanos, com consequências nefastas para as exportações europeias, como lembrou esta quinta-feira o Instituto Francês de Estatísticas (Insee).

O impacto dos planos de austeridade no crescimento provoca discussão entre os economistas.


Na França, por exemplo, após a apresentação de um orçamento para 2011, que ambiciona um esforço "sem precedentes" de redução do déficit, as opiniões estão divididas.

O especialista Christian Saint-Etienne estima que os economistas da seguradora de crédito Euler Hermes advertem que o rigor "afetará o crescimento francês em pelo menos 0,5 ponto (do PIB) no ano que vem".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) somou-se ao debate, esta semana, e seu ponto de vista não é muito otimista.

"No contexto atual, a consolidação terá, provavelmente, efeitos de curto prazo mais negativos que de costume", advertiu o FMI.

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