Mark Carney toma posse como primeiro-ministro do Canadá e se prepara para desafios com os Estados Unidos (Dave Chan / AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 14 de março de 2025 às 11h41.
Mark Carney, ex-presidente do banco central do Canadá, toma posse nesta sexta-feira, 14, como o novo primeiro-ministro do país, após dez anos de governo de Justin Trudeau, em meio a ameaças comerciais e de anexação por parte dos Estados Unidos.
Trudeau anunciou sua renúncia em janeiro após perder apoio político no ano passado.
O Partido Liberal apoiou fortemente Carney para sucedê-lo, esperando que sua experiência liderando os bancos centrais do Canadá e da Inglaterra durante crises históricas tranquilizasse a população, que enfrenta uma guerra comercial potencialmente devastadora.
A cerimônia de investidura ocorrerá às 11h locais (12h em Brasília), em Ottawa, e será conduzida pelo governador-geral, representando o rei Charles III.
Carney, que aos 59 anos nunca ocupou um cargo público, prometeu uma transição "suave e rápida".
Carney assume o cargo em meio a uma tempestade gerada pelas tarifas de alfandegárias impostas pelo presidente Donald Trump, que repetidamente pediu que o Canadá se tornasse o 51º estado americano.
"Os americanos não devem se enganar: tanto no comércio quanto no hóquei, o Canadá vencerá", declarou ele em seu discurso de vitória na semana passada, quando foi eleito o novo líder do Partido Liberal.
"O Canadá nunca, jamais fará parte dos Estados Unidos, de forma alguma", disse ele desafiadoramente. "Isso nunca vai acontecer", afirmou.
Carney disse que está "pronto para sentar" com Trump para negociar um novo acordo comercial e evitar mais conflitos econômicos.
Esta semana, as tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio entraram em vigor, e o Canadá respondeu com novas tarifas sobre produtos americanos.
Carney trabalhou no banco de investimentos Goldman Sachs antes de dirigir o banco central do Canadá durante a crise financeira de 2008-2009 e o Banco da Inglaterra durante a turbulência do Brexit.
Ele se apresenta como alguém solidamente preparado para liderar um país abalado pela guerra comercial alimentada pelos Estados Unidos, que costumava ser seu aliado mais próximo e no qual, segundo Carney, o Canadá "não pode mais confiar".
Mas é possível que ele não se mantenha no cargo por muito tempo.
O Canadá deve realizar eleições em outubro, e provavelmente serão antecipadas em algumas semanas.
Pesquisas de opinião recentes refletiram um leve favoritismo pela oposição conservadora.
As ameaças de Trump estarão no centro da campanha eleitoral canadense.
Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem usado tarifas como uma ferramenta de negociação com seus parceiros comerciais, como um incentivo para que empresas se instalem no país e como uma fonte de receita para as finanças federais.
Trump está exigindo que China, México e Canadá façam mais para conter o tráfico de fentanil para os Estados Unidos, embora no Canadá o contrabando através da fronteira seja insignificante.